Quinta-feira, 24 de Julho de 2008

Contradições

No DN temos um título na 3ª página que afirma "Ofertas de emprego (...) em queda". Por baixo há um gráfico com o título "ofertas de emprego" onde se vê, não só que as ofertas de emprego não têm parado de crescer desde o início do ano (o que indica que não houve queda mensal), como também que em todos os meses deste ano houve mais ofertas de emprego do que nos meses homólogos dos últimos 5 anos (o que indica que não houve queda em termos homólogos).

 

Antes que me acusem de "estar errado", faço notar que não faço a mínima ideia de qual é a verdadeira, apenas que uma das duas informações (título ou gráfico) está errada... ou então referem-se a coisas diferentes e o DN não se deu ao trabalho de as precisar.

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publicado por Miguel Carvalho às 15:52
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Confundir países

Karadzic recebeu documentos falsos de autoridades sérvias, diz o Diário Digital. O texto não é claro, mas não volta a referir as autoridades sérvias (lembre-se que Karadzic vivia escondido na Sérvia), refere sim as autoridades servo-bósnias, ou seja autoridades da República Srpska, parte integrante da Federanção Bósnia e Herzegovina... outro país portanto!

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publicado por Miguel Carvalho às 12:30
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Quarta-feira, 23 de Julho de 2008

Vou-vos contar um segredo: o dinheiro não cai do céu!

Hoje reparo no título do Correio da Manhã:

"FACTURA ESCONDIDA NA CONTA DA LUZ:

Cada português paga 35 Euros por ano para subsidiar novas fontes energéticas".

 

E eu espanto-me com este espanto!

O Sr Jornalista acha que quando paga a bica no café está só a pagar o pózinho preto e a água quente? Então desiluda-se! Porque está a pagar também uma parcela da renda, dos salários, dos impostos, da segurança social, do sabonete para as mãos, da electricidade, do pano do pó e do detergente, da pintura da porta e da lâmpada que se fundiu ontem.

Na semana passada, alguém se indignou porque nas facturas da EDP havia uma parcela para uma provisão dos incobráveis. Mas sempre foi assim, em todo o lado! Em qualquer empresa bem gerida, todos os custos directos e indirectos têm que ser reflectidos na facturação que passam aos Clientes. O dinheiro não cai do céu e as empresas não jogam no euromilhões.

Se o sistema de custeio fosse diferente, e apenas reflectisse os custos directamente imputáveis a um produto - neste caso a electricidade produzida  então teríamos que pagar uma parcela do desenvolvimento das turbinas e geradores, das patentes, parte dos estudos feitos por Galvani e Volt e sei lá mais o quê....

Já agora: nós pagamos electricidade, não pagamos "LUZ" ! 

 

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publicado por Oscar Carvalho às 16:25
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Segunda-feira, 21 de Julho de 2008

Título negro, contrariado pelo texto II

Menos professores no segundo ciclo, diz o Portugal Diário. Quem lê ou retém apenas o título interpreta daqui que o número de professores a leccionar no segundo ciclo de escolaridade vai ser reduzido... Mas não há nada no texto que o indicie.

Está apenas em causa a redução do número de professores por turma. Vai haver uma redistribuição dos professores, de modo a que em média cada professor leccione mais cadeiras à mesma turma.

publicado por Miguel Carvalho às 18:37
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Domingo, 20 de Julho de 2008

Título negro, contrariado pelo texto

(Obrigado ao nosso leitor JF)

 

"(...) o consumo voltou a cair" diz Pedro Duarte no Diário Económico no subtítulo.

No texto lemos "Segundo os indicadores de conjuntura do Banco de Portugal relativos a Julho de 2008 hoje divulgados, em relação ao consumo privado, no trimestre terminado em Maio o índice de volume de negócios no comércio a retalho, divulgado pelo INE, aumentou em termos reais 0,4%, face ao período homólogo do ano passado.

 

E para abrilhantar a aldrabice, uma só até ficava mal, o Pedro lá acrescentou o habitual "voltou" no "voltou a cair".

 

publicado por Miguel Carvalho às 22:06
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Sexta-feira, 18 de Julho de 2008

A velha confusão de sempre... propositada?

Há dois aspectos negativos no actual crescimento económico português. A taxa de crescimento (se quisermos o crescimento do produto potencial,ou o crescimento de longo prazo) e a variação da taxa de crescimento (a chamada aceleração ou o abrandamento da economia, ou a variação da variação do PIB). Para que o pessoal do Público perceba, vou sublinhar com cores diferentes. Ambos têm neste momento comportamentos que deixam a desejar. A taxa é pouco mais de 1%, e ela vai decrescer em relação a 2007.

 

O Público confunde hoje as duas coisas no seu principal título, inventando uma suposta contradição entre o que o Governo e o FMI dizem. O que o Governo tem dito é que o crescimento este ano vai ser mais baixo do que no ano passado (variação da taxa) devido a factores externos. E o que o FMI diz é que a taxa é baixa devido a factores internos.

 

Embora o próprio texto do Público misture as duas coisas várias vezes, a variação da taxa é claramente referida: "O FMI afasta, deste modo, a tese que tem vindo a ser defendida, nomeadamente pelo Governo, de que o abrandamento económico apenas é provocado pela conjuntura internacional".

 

O que diz então o FMI sobre a variação da taxa? "Growth will likely slow in 2008 to about 1¼ percent, and to about 1 percent in 2009, driven by weaker partner country growth, the international financial turbulence, and higher commodity prices".

Três causas do abrandamento:

1. Parceiros, logo externo

2. Finanças internacionais, logo externo

3. Preços das matérias primas, logo externo.

 

Externo, externo, externo.

 

Bolas! O FMI bem poderia ter falado com o Sérgio Aníbal de antemão para saber o que o Público queria ter na capa de hoje.

 

Dito de um modo mais "em economês", o FMI fala de problemas estruturais, o Público pega neles para justificar abrandamentos conjunturais.

 

Nota habitual: não estou a querer afirmar que o Governo tem ou deixa de ter razão. Apenas que a contradição, que o Público inventa, não existe.

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publicado por Miguel Carvalho às 16:19
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Quinta-feira, 17 de Julho de 2008

5% é p'ra meninos

Ainda não li o estudo do Banco de Portugal onde se estimam as perdas de reforma dos funcionários públicos devido à alteração do Estatuto de Aposentação, mas o Manuel Esteves deixa aqui bem claro que podem ir de 5 a 18%, dependendo de alguns factores. Mas o Correio da Manhã, esse, não está com meias-medidas. Em manchete, no devido formato garrafal, lê-se: "Função Pública perde 18% da reforma". Mais nada.

publicado por Pedro Bom às 12:03
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A velha confusão de sempre II

Mais uma confusão entre o valor e a sua variação, agora vindo da imprensa dita económica.

"Os portugueses são dos que compram mais carros na Europa", diz a capa do Diário Económico. O título não é claro mas refere-se aos dados de compra de carros novos e não compra de carros em geral como dá a entender. E dentro dos carros novos o título é totalmente falso. Desde o início do ano compraram-se 10,4 por cada mil habitantes em Portugal, e 16,4 na União Europeia. E sim, 16,4 é bem mais que 10,4.  O que realmente aconteceu foi que a variação da venda de carros novos em Portugal foi das que teve um melhor desempenho.

Usando o exemplo do post de ontem, e para que o pessoal no Diário Económico perceba, o facto de eu estar a uma velocidade superior (variação) não implica que esteja mais longe (posição) do ponto de partida.

Mais um exemplo de ligeireza do nosso jornalismo.

publicado por Miguel Carvalho às 11:55
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Quarta-feira, 16 de Julho de 2008

Cinjam-se a citar os números oficiais, por favor

DN de hoje,

1. Título, "Menos 10% de mortes nas estradas que em 2007"

2. Subtítulo, "Nos primeiros meses deste ano morreram 375 pessoas, menos 27", ou seja menos 100*27/(375+27)=6,7%

3. Texto, "375 pessoas, menos (...) que em igual período do ano passado, quando se registaram 422 vítimas", ou seja 100*(422-375)/422=11,1%.

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publicado por Miguel Carvalho às 13:44
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Terça-feira, 15 de Julho de 2008

Ligeirezas

"Desvendada a "máquina" do vírus da malária", anuncia a capa do Público. Bom, a malária não é causada por um vírus mas por um parasita protozoário. Felizmente a jornalista que escreve a reportagem não repete o erro no seu texto, e diga-se em abono da verdade que não vem grande mal ao mundo por (mais) este erro na capa do Público. É apenas mais um exemplo da ligeireza e falta de rigor com que se fazem capas de jornais.

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publicado por Miguel Carvalho às 23:05
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