Segunda-feira, 21 de Janeiro de 2008

Era pô-los de castigo a derivar a função logarítmica até aprenderem

Alguém do Expresso escreveu na última página "Economia piora", e, por baixo, "A situação económica nacional voltou a agravar-se em Dezembro", e ainda, "O indicador coincidente do Banco Portugal está em queda desde Outubro". Só disparates. O que realmente está em queda desde Outubro é a taxa de variação homóloga deste indicador, como consta do Quadro 5 do relatório de Indicadores da Conjuntura do Banco de Portugal. Acontece que esta mesma taxa foi sempre positiva ao longo de 2007, Dezembro incluído, o que significa que o indicador coincidente da conjuntura económica do Banco de Portugal não está a diminuir, simplesmente aumentou menos, em termos homólogos, que no mês anterior. Portanto, Sr(a). Jornalista do Expresso que escreve estes disparates, se me está a ler, isto não significa que a "economia piorou", significa tão só que a actividade económica desacelerou. Será assim tão difícil de entender?

Nota: Um indignado leitor alerta para o facto de o indicador coincidente do Banco de Portugal ser por definição uma taxa de variação homóloga. Definir o indicador como um indíce (nível) ou como uma taxa de variação (como parece ser o caso) é completamente irrelevante. O que é relevante é que os números em questão (chamando-lhes indicador coincidente, ou, como eu, taxa de variação do indicador coincidente) representam variações percentuais homólogas. E, sendo positivos, não permitem concluir que a situação económica é pior (atenção: a questão do desemprego é de enorme importância mas não entra neste debate), por mais descontentes que estejamos com o rumo das coisas. Portanto, com o fraseado devidamente ajustado, a crítica ao artigo do Expresso mantem-se intacta.
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publicado por Pedro Bom às 00:09
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De Nuno a 21 de Janeiro de 2008 às 13:12
Pedro, não sou muito dado a intervir em blogs mas o seu post chamou-me a atenção. Dois pequenos apontamentos: i) o indicador coincidente mensal do BP é, por definição, uma variação homóloga. Por isso, se chama indicador coincidente mensal para a evolução homóloga tendencial da actividade económica, como pode ler na publicação do BP; ii) não sei se é economista, mas para mim, abrandar o ritmo de crescimento é piorar. Se para si, uma desaceleração é bom você é que sabe.
De Pedro Bom a 21 de Janeiro de 2008 às 14:35
Caro Nuno:

i) Se o indicador do BP é, por definição, uma variação homóloga ou uma variável em nível, não me parece relevante para o que está em causa neste post . O que é relevante é que os números que estão no quadro 5 representam variações homólogas. E representam, portanto, não uma variável mas a sua variação percentual.

ii) Segundo o dicionário universal de língua portuguesa, "Piorar" significa "ficar pior", "tornar pior", "tornar-se pior". O que se tornou pior foi a variação da actividade económica, não a actividade económica propriamente dita. É apenas uma questão de usar a língua portuguesa correctamente, e vai-me desculpar, não foi isso que o artigo do Expresso fez. Finalmente, nada disse sobre se uma desaceleração é boa ou má, nem nada do que escrevi o permite deduzir. O Nuno é que tomou a liberdade de abusivamente o fazer.
De Nuno a 21 de Janeiro de 2008 às 17:15
Vou tentar outra vez. Não há outro indicador coincidente do BP que não seja este. Para clarificação aqui fica um excerto do documento (pág. 4): "Em Dezembro, o indicador coincidente mensal para a evolução homóloga tendencial da actividade económica, calculado pelo Banco de Portugal,
registou uma diminuição face ao observado no mês anterior." Por isso, quando se diz que o indicador caiu é outra forma de dizer que a variação homóloga diminuiu.

Um breve comentário e uma dúvida existencial.

Comentário: Uma economia que cresce menos ou desacelera é pior que uma economia que cresce mais ou acelera. Não há volta a dar. Tudo o resto é mentira. Preferia dizer que a economia melhorou quando o indicador coincidente caiu? Olhe que o BP, que o calcula, não o faz.

Dúvida existencial: Diz-me que o que piorou foi a variação da actividade e não a actividade propriamente dita. Importa-se de repetir? Mas como é que a actividade poderia piorar ou melhorar se não variasse? Seria sempre igual. Desculpe mas isso é um perfeito disparate, fazendo minhas as suas palavras do post. Não conheço forma de avaliar a dinâmica de uma economia sem ser pela sua variação. Em logaritmos ou não.

De Miguel Carvalho a 21 de Janeiro de 2008 às 18:07
Nuno,
não me quero meter na discussão com o Pedro.
Tenho só uma pequena dúvida sobre a sua frase
"Uma economia que cresce menos ou desacelera é pior que uma economia que cresce mais ou acelera. Não há volta a dar. Tudo o resto é mentira."
Prefere crescer menos à chinesa: passar de 10% de crescimento anual para 9%, ou crescer mais à portuguesa, passar e 1% para 2%?
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