Segunda-feira, 14 de Janeiro de 2008

Barnabé, reforço de 39 aninhos, de águia ao peito nas próximas cinco épocas

Leio no Record que um tal de Sepsi já foi oficialmente apresentado como jogador do Benfica,  ou, melhor, como "reforço" do Benfica, e que "nos próximos cinco anos e meio vai vestir a camisola 33". Existe há muito na comunicação social portuguesa, sobretudo na da especialidade, o estranho hábito de chamar "reforço" a todo o futebolista recém-contratado. Pode não valer ponta dum corno, é reforço. Pode chamar-se Laurent Robert, Paredes ou Bergessio, é reforço. Até podia ser eu, era reforço. Do alto da minha ingenuidade, pensava que reforço era qualquer coisa que, vá lá... reforçava. Pelo menos é o que diz o dicionário. Só não percebo é a razão pela qual o Benfica, que enche o carrinho de "reforços" logo que abrem os saldos (para se juntarem a outros que outrora terão sido também "reforços"), nunca parece reforçado.
A de "vestir a camisola 33 por cinco anos e meio" também é clássica. Assim como estamos fartíssimos de ler: "de águia ao peito por quatro épocas" ou "de encarnado nas próximas três temporadas". Ou seja, quem escreve estas frases (normalmente na capa dos desportivos) pensa que o jogador (ou melhor, o "reforço") chega, joga (ou não) durante o prazo estipulado, acaba o contrato e vai embora. Será que ainda não perceberam que isso é coisa rara nos tempos que correm, que a grande maioria dos jogadores não cumpre integralmente o contrato original? Muito antes disso, ou são vendidos, ou são emprestados, ou são dispensados e rescindem o contrato amigavelmente... Agora, chegar, assinar contrato, cumpri-lo e ir embora, só mesmo se for... reforço.
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publicado por Pedro Bom às 22:20
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Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007

Jornalismo de merda

Desculpem, mas não aguentei o palavrão.
Quase todos os meios de comunicação repetiram a mentira que nem uns carneirinhos, sem se darem ao trabalho de verificar a informação. TVI, Correio da Manhã, SIC, Record e TSF, pelo que pude ver no Google News.
Mas o meu maior escárnio vai para a imprensa dita económica, que deveria saber o mínimo dos mínimos: Agência Financeira, Portugal Diário, Jornal de Negócios, Diário Económico. Todos repetem a mesma mentira.
Uma vergonha de jornalismo.

Os meus enormes parabéns à LUSA, ao DN e ao Público (versão papel) por terem escrito a verdade.

Adenda: Não só mentem em relação a estes dados, como muitos (como o CM) referem que o PIB per capita "voltou a descer". Outra mentira! De 2004 para 2005 também subiu.

Adenda: O prémio do meio de comunicação mais imaginativo vai para a Agência Financeira. Os números do relatório em causa são todos em percentagem da média da UE. Ou seja, toma-se o valor médio do PIB per capita em PPP naquele ano como o valor de referência 100, e os outros são dados em comparação com o 100. Portugal, por exemplo, tem 75. Apesar de os valores se referir a esse valor fixo 100, aparentemente a Agência Financeira ainda consegue inventar aí uma tendência (deve ser do 100 para o 100) e escreve no título "Poder de compra dos portugueses cai e contraria tendência europeia".
(Admito que se possam estar a referer a outra tendência, porque não são claros, e não explicitam essa afirmação no texto).
 
Adenda: acabei de rever a peça da RTP. Além de vários pequenos erros, parece confundir os valores da percentagem face à média europeia com a sua variação (refere alguns países que estão agora melhor, citando para tal de seguida os seus valores... mas os valores não indicam variação). E mais uma vez se comprova que os jornalistas se seguem uns aos outros que nem uns carneirinhos: a reportagem volta a referir (como o DD) que os cálculos "deixaram a inflação de fora". Como já escrevi, é o nível de preços que é contornado, e não a inflação. Além disso, por definição, os valores do PIB dados pelo Eurostat são dados em paridades de poder de compra, não é novidade nenhuma!


(Post com várias alterações)
publicado por Miguel Carvalho às 20:57
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Sexta-feira, 16 de Novembro de 2007

Dediquem-se à bola

A "economia 'parou' no último trimestre", segundo o Record. O que vamos comer este mês?, é a pergunta que se impõe. Não satisfeitos com as baboseiras que escrevem sobre a sua especialidade, os jornalistas do Record aventuram-se em terrenos estranhos e brindam-nos com pérolas destas.

1. Por favor, parem com essa história de afirmar que alguma coisa parou só porque não cresceu. E, não, as aspas no "parou" não servem como desculpa. Felizmente, ainda produzimos qualquer coisa. Parece que é pouco e é o mesmo do trimestre anterior, mas é alguma coisa.

2. Como já foi escrito aqui em baixo, a comparação do PIB entre trimestres não faz muito sentido. Isto porque existe uma coisa chamada "sazonalidade". É por demais sabido que diversos factores (tanto do lado da procura como do lado da oferta) fazem com que o ritmo de crescimento seja maior no primeiro trimestre do ano. A partir daí é sempre a descer. Diz-se por aí também que, ainda assim, a economia cresceu em termos homólogos, certo? Pois, é por expurgar estes efeitos da sazonalidade que esta medida faz mais sentido.

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publicado por Pedro Bom às 12:39
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