Quinta-feira, 13 de Agosto de 2009

Quando 1 pão vale mais que 2

Salários com menor subida em 5 anos diz a Catarina Almeida Pereira ndo DN. Quando se abre a suposta fonte da notícia, um relatório governamental, vê-se que os últimos dados representam a maior subida em 3 anos (dados semestrais)!

O que fez a Catarina então? Olhou para as subidas nominais, ou seja sem contar com a variação de preços! Pessoalmente eu não como notas de euros, como comida (devo ser só eu), logo estou interessado em saber se posso comprar mais ou menos, não se tenho mais ou menos notas no bolso. E aqui houve o maior aumento dos últimos 3 anos. 

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publicado por Miguel Carvalho às 15:44
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Sexta-feira, 17 de Abril de 2009

O fim do mundo é já amanhã

A sede da desgraça corre nas veias de muita gente, e a Catarina Almeida Pereira do DN aí está para a alimentar. Assina hoje um artigo com o título Salários baixos estão cada vez mais baixos. Um título, três afirmações infundadas (de acordo com o próprio texto! nem verifiquei a fonte).

 

1. Salários baixos?

O estudo foca-se aparentemente em metade dos trabalhadores portugueses. Possivelmente os salários mais baixos nem foram incluídos no estudo.

O grupo ao qual a Catarina chama "salários baixos" tem 940 mil trabalhadores,  uma imensa multidão. Obviamente que dentro desse grupo a evolução foi diferente de escalão para escalão. Será que os realmente mais baixos subiram ou desceram? Não se sabe.

Mas mesmo esse grupo é curioso. Será que o que define o grupo é o nível dos salários? Não! É o tipo de emprego.

 

2. Cada vez?

A Catarina compara dois anos. Talvez seja só eu, mas para mim em português "cada vez mais" significa que há uma repetição, um acumular. Comparando dois anos, apenas podemos saber se subiu ou desceu, não se continuou a subir a descer.

 

3. Mais baixos?

A Catarina apenas refere o salário em relação à média naquele ano, mas a média não é fixa. Entre 50% do salário médio norueguês ou 100% do salário médio etíope, eu diria que o primeiro é mais alto. Mas talvez seja só eu.

publicado por Miguel Carvalho às 14:19
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Domingo, 1 de Fevereiro de 2009

Salários

Sem dúvida que aumentar os salários em alturas de crise é bem mais complicado, mas conseguir escrever este artigo sem, em momento algum, deixar escapar a ideia que, devido à menor taxa de inflação, não são necessários aumentos nominais tão altos como no ano passado para que os salários reais ainda assim aumentem,  é perceber muito pouco do que se trata.

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publicado por Pedro Bom às 18:53
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Sábado, 18 de Outubro de 2008

Disparates concentrados

Título de uma "notícia" do Diário Digital: OIT: Portugal é país [sic] que tem mais desigualdades salariais.

Subtítulo: Portugal foi o país desenvolvido onde, nos últimos 20 anos, mais cresceu o fosse entre os trabalhadores que ganham mais e os que ganham menos (...)

 

Caramba! Não só temos o azar de ter as maiores desigualdades, como tivemos o  azar de ter sido o país onde eles mais cresceram! Ou será que o jornalista confundiu as duas coisas?  Dando uma olhada rápida no relatório percebemos que é mesmo do jornalista. Coreia, EUA, etc. têm maiores desigualdades salarias que Portugal. O título é portanto um disparate.

Será que o subtítulo se safa? Bom, o corpo da notícias diz "Portugal faz parte do grupo de países que registou maiores aumentos entre os 10% de funcionários que ganham mais, face ao mesmo número que recebe menos". Ou seja,  de campeão passamos para um dos "melhores" (os adeptos do Sporting e do Benfica podem festejar, segundo o Diário Digital, também eles foram campeões na época passada). Mais uma vez o relatório só diz isso, que Portugal é dos piores, em lado nenhum é dito que é o pior... mas é exactamente isto que o subtítulo nos quer fazer crer. Mais outro disparate.

 

A TSF tem outro disparate semelhante, quando diz "Fosso entre ricos e pobres cresceu em Portugal". Até pode ser verdade no período em causa, mas isto não decorre do estudo da Organização Internacional do Trabalho, que só estuda o comportamento dos salários. Ora a pobreza e a riqueza não dependem só do salário!

 

E assim se faz jornalismo de rigor, sem sensacionalismo, e com cautelosa* análise das fontes.

 

* uns 2 minutos no meu caso.

publicado por Miguel Carvalho às 15:41
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Domingo, 9 de Março de 2008

Os jornalistas do Correio da Manhã são umas meninas

Denoto pelas bandas do CM alguma falta de coragem para coisas de homem. Se é para aldrabar as pessoas em letras gigantescas na primeira página, então que se aldrabe à grande, caso contrário não vale a pena! O CM diz na capa de hoje "Função Pública perde 3,7 mil milhões - rombo nos salário este ano".
Querem ver eu a mandar uma de homem?
"Função Pública perde 8 triliões de biliões de milhões de quatraliões".
Ora toma!

Eu nem me vou dar ao trabalho de ler os disparates que o CM escreve, apenas vou dar um número: 21 mil e 164 milhões é o custo das despesas de pessoal de toda a função pública. Os 3,7 que o CM refere são portanto 17,5%. Alguém conhece um funcionário público que tenha perdido 17,5% da sua remuneração?

Adenda: Em mais uma prova que para os jornalistas "todos somos iguais, mas há uns que são mais iguais do que outros" e "viva a liberdade de opinião, desde que seja a minha", o meu comentário na página da CM sobre a notícia não foi "aprovado" para constar no meio dos outros.
publicado por Miguel Carvalho às 11:00
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Segunda-feira, 21 de Janeiro de 2008

A parte pelo todo

O Expresso diz este sábado na capa que os "Profs perderam 12% do salário em 8 anos".  Não me dando ao trabalho de verificar os números, reparo em dois erros na análise.
  • Embora o título e o texto se refira à generalidade dos professores, nas letrinhas pequeninas no gráfico ficamos a saber que só foram verificados os professores em topo de carreira. Ora eu conseguiria facilmente encontrar 1000 portugueses que em 8 anos viram o seu salário duplicar, mas não seria sério concluir daí que os portugueses no seu todo tiveram uma duplicação. Aqui a escolha do escalão mais alto não é inocente. Tem sido política nos últimos anos dar aumentos percentuais maiores aos escalões mais baixos (o próprio texto o refere a propósito do congelamento de salários), logo o topo da carreira tem sido penalizado em relação à média. Não se pode portanto generalizar estes 12%.
  • Os valores em causa são do vencimento bruto. Eu continuo sem saber o que é o "poder de compra", mas salário bruto não é exactamente o que pensamos quando nos referimos a "poder de compra", que imagino estar mais associado ao salário líquido. E a diferença neste caso é importante, porque se houve aumentos de salários abaixo da inflação esperada e os escalões do IRS foram actualizados ao nível da inflação esperada, houve quem tenha saltado de escalão, resultando numa diminuição percentual menor do salário líquido do que do salário bruto - ou maior já que ao longo deste período houve várias mexidas nos escalões, nomeadamente a introdução de um escalão de 42%.
publicado por Miguel Carvalho às 19:31
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Quarta-feira, 16 de Janeiro de 2008

Estamos a divergir desde os dinossauros - esclarecimento

Hoje (16 Janeiro) o Público publica um gráfico que mostra que os funcionários públicos perderam "poder de compra" consecutivamente nos últimos 9 anos. No post anterior referi-me  a uma afirmação semelhante - e aparentemente errada - de Menezes. É que o Público refere-se apenas aos funcionários públicos e Menezes referia-se a todos os trabalhadores. A fazer fé nos dados do Público - e como já mostrámos aqui tanta vez, é mesmo uma questão de fé - é inteiramente verdade que os funcionários públicos perderam constantemente "poder de compra" ao longo de 9 anos (em termos médios e não em termos individuais, já que individualmente pode haver subidas de escalão que levam a aumentos dos rendimentos, o que não seria muito sério fazer).
Sendo que "poder de compra" significa desta vez salário bruto real. Também não será o melhor indicador de "poder de compra dos trabalhadores", deixando de fora variações de impostos, subsídios, etc... mas enfim é melhor que o PIB per capita real.

Já agora, um erro que ouvi/li hoje repetidamente. O facto de os governos aldrabarem sucessivamente na inflação esperada, sempre com "estimativas" abaixo da realidade, não implica de modo nenhum que os salários reais desçam! Isto porque na maioria dos anos, o aumento médio dos salários não coincide com a inflação "prevista". Houve anos que foi acima, outros que foi abaixo. Foi sim, sempre abaixo da inflação registada na prática.
publicado por Miguel Carvalho às 15:46
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Domingo, 16 de Dezembro de 2007

Disparate institucionalizado

Segundo uma investigação profunda a que tivemos acesso ainda há pelos menos três pessoas em Portugal que acreditam nas previsões avançadas pelos governos para a inflação média anual.

Previsão do Orçamento face a Inflação Real (tirada do Correio da Manhã)
1998 – 2,0% / 2,8%
1999 – 2,0% / 2,3%
2000 – 2,0% / 2,9%
2001 – 2,8% / 4,4%
2002 – 2,75% / 3,6%
2003 – 2,5% - 3,3%
2004 – 2,0% / 2,4%
2005 – 2,0% / 2,3%
2006 – 2,2% / 2,3%
2007 – 2,1% / 2,4%

(Já agora um pequeno comentário ao que é feito na notícia, que para chegar ao salário médio mensal em Portugal divide o salário médio anual por 14. De facto é prática comum os portugueses receberem o salário 14 vezes por ano, e é a esse catorze avo que as pessoas se referem quando falam no seu salário. Ou seja nada a apontar. Mas ao compararmos com salários no resto da Europa, o nosso já é suficientemente baixo e não precisamos de sacrificá-lo ao dividi-lo por 14. Em termos estatísticos a divisão por 12 é que é correcta.. Ainda é um aumento de 17%, de 840 para 980 no caso do salário médio.)

Adenda: (16 Janeiro) ao escrever outro post, notei que aquela tabela está errada. Em 2006, a inflação prevista no OE era de 2,3%. E agora sabe-se que a inflação de 2007 foi de 2,5%.
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publicado por Miguel Carvalho às 01:09
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Sábado, 10 de Novembro de 2007

A força dos números

Na sua coluna "A força dos números", no caderno de economia do Expresso de hoje, Daniel Amaral tenta convencer-nos da impossibilidade económica de aumentos reais (isto é, superiores à inflação, prevista em 2,1% para 2008) nos salários da função pública. Lá desejável até seria, mas... lamento muito, não é possível.

 

Eis o argumento: aumentos dos salários reais da função pública levam a aumentos dos custos unitários de trabalho, que levam à perda de competitividade das nossas empresas, que levam à deterioração da balança comercial, que implica endividamento externo. Como o  endividamento externo é um facto, os salários reais não podem aumentar.

 

Dois comentários:

1. Num exercício de ginástica notável, Daniel Amaral confunde salários da função pública com salários do sector privado, e termina a cadeia causal na balança de pagamentos. Medir a produtividade dos serviços não é fácil, e muito menos dos serviços produzidos pelo Estado. Daniel Amaral, como quem não quer a coisa, resolve o problema virando-se para o sector privado.

2. É possível aumentar os salários reais, sem aumento dos custos de trabalho unitários, desde que esses aumentos sejam inferiores ou iguais aos da produtividade. Daniel Amaral até parece perceber a ideia, quando diz que os "(...) acréscimos superiores à inflação mais a produtividade (3,4%) fariam subir os custos salariais unitários, o que seria péssimo". Mas depois conclui: "Moral da história: acréscimos salariais superiores à inflação podem ser socialmente justificáveis mas não são economicamente realistas". Então e a produtividade ? Pois, é que entre 2,1 e 3,4 ainda cabem muitos números. "Para cima de trinta e dois mil", dizia um antigo professor de estatística.

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publicado por Pedro Bom às 12:48
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Quarta-feira, 31 de Outubro de 2007

Assaliarados Pobres II

Notícia da Lusa republicada no Diário Digital

(...)os portugueses queixam-se de ordenados curtos para fazer frente às despesas e de terem de se privar de alguns bens de primeira necessidade, como a comida, vendo-se obrigados a recorrer a créditos.

Actualmente, os portugueses já não poupam para fazer frente a eventuais despesas surpresa, mas para conseguir subsistir durante o mês.


Actualmente??? Ou como também se diz no texto "hoje em dia"... Insisto no que escrevi aqui. O país está a passar por uma grave crise de desemprego, mas os salários reais raramente foram tão altos como hoje. Desafio alguém a a fazer uma lista de 5 anos desde 1143, nos quais os salários reais fossem mais altos do que hoje. Salário médio ou salário mínimo, tanto faz.
Mais à frente na notícia temos uma possível explicação para esta notícia sensacionalista que todos os anos deve aparecer na nossa imprensa (desde que ela existe):

«Hoje em dia não se consegue poupar. Para já não há uma educação de poupança, depois a inflação e o nível de salários não permitem poupar, porque estamos a ser sempre constantemente confrontados com o marketing e nós queremos sempre as coisas que nos entram em casa»

Ah.
publicado por Miguel Carvalho às 15:08
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