Ministério da Saúde lança concurso que exclui empresas portuguesas diz hoje em grande o título do Público. Para quem ficasse com dúvidas (legítimas) sobre os trocadilhos nos títulos de jornais, o subtítulo volta a sublinhar o problema de ser português:
Se uma empresa estrangeira ganhar, não pode subcontratar uma nacional.
Como informa a notícia online, o que está em causa é a exigência de uma certa certificação ISO, e por acaso não existe nenhuma empresa nacional que a possua. A exclusão não tem assim nada a ver com a origem da firma - como o título claramente dá a entender - mas com a certificação das suas competências técnicas. Se eu procurar algum trabalhador para uma tarefa muito específica e por acaso não houver nenhum portuense com essa formação, o Público escreveria então "Empresa lisboeta rejeita trabalhadores do Porto". Pois...
E assim se engana sorrateiramente os leitores.
(Obviamente que não faço a mínima ideia se a exigência daquela certificação faz o mínimo sentido, mas não é isso que está em causa)
De
a.m. a 3 de Março de 2009 às 15:14
Queria apenas declarar aqui que me sinto horripilado (se a palavra existe...) com coisas como estas, que quem vos lê sabe que são recorrentes na nossa querida imprensa, max. DN e Público.
A questão é esta: quem nos defende?
E como nos podemos defender, salvo não os comprando (mas eu já os não compro, aliás jamais comprei)?
Grande abc. pelo vosso trabalho.
Sinceramente não sei. O sector há anos que tem medo da regulação, insistindo sempre na suposta auto-regulação. Mas esta teima em aparecer.
Há ainda o problema do assegurar o pluralismo, que há largos anos era abordado pelo BE, apenas recentemente também pelo PS... que acabou como se viu.
Uma democracia onde o "povo" toma posições contra ou a favor de X ou Y, por questões que não existem na realidade, não é verdadeiramente uma democracia. Ui, e eu conheço tantos casos assim! Aliás, dado a constante tendência para o sensacionalismo na informação, corremos o risco do descrédito infundado no sistema, da alienação da população do debate público, do aparecimento de perigosos desvios políticos demagógicos. E não me refiro à demagogia que há em todos os partidos, refiro-me a italianização da democracia. Eu conheço bem a política italiana, e não a aconselho a país nenhum.
Não sei se o boicote (que eu também faço de certa maneira) servirá de muito, porque hoje temos a oposição eufórica com este
sensacionalismo pessimista, estando-se quase nas tintas para a credibilidade da informação que recebe. Uma oposição que defende os media contra qualquer crítica, encarando qualquer crítica como uma intromissão ilegítima com o intuito de beneficiar o governo. Mas amanhã a oposição será outra, e o passado mostra-nos que os papéis se invertem. Quem hoje se indigna, estará amanhã satisfeito e com um sorriso disfarçado.
O sensacionalismo tem sempre bons amigos...
Cumps
De Odete Pinto a 4 de Março de 2009 às 23:49
Que dirá o Provedor?
É que esta notícia foi ainda ampliada pela televisão. Convinha que as televisões divulgassem a origem da notícia - se eu soubesse que a origem era o Público, escusava de ter ficado preocupada (pois e podia-se lá perder a oportunidade de indignar uns milhares de pessoas...).
Parabéns pelo vosso blogue que visito regularmente, embora nunca tenha comentado.
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