Correio da Manhã de hoje, capa, letras gordas: "Portugal perde 49 milhões por dia", referindo-se ao défice externo que alegadamente bate recordes. Não contesto nem o número, nem o recorde (o que seria normal mesmo na ausência de um problema sério de défice externo, dado que se trata de valores nominais), nem menosprezo o problema do défice/dívida externa. Apenas objecto a escolha do verbo "perder", e faço-o porque induz em erro o leitor comum.
Ao ter um défice externo, Portugal está a gastar acima do seu rendimento e, portanto, a endividar-se perante o exterior. Está, por assim dizer, a obter um empréstimo do resto do mundo. Agora, porque é que este empréstimo significa uma "perda"? Aliás, se empréstimo implicasse automaticamente uma perda, porque razão é que as pessoas pediam empréstimos de livre vontade? Quando peço um empréstimo ao banco para compra de casa, estou a "perder" a casa (ou o seu valor)? Quanto muito, ganhei-a, com dinheiro emprestado. Claro que existe uma perda associada (ganho do banco): o juro que pagarei sobre o empréstimo. Mas, se eu pedir um empréstimo ao banco para financiar uma actividade produtiva (uma padaria, por exemplo) que me garanta um retorno, então o proveito possibilitado pelo empréstimo até pode ser superior ao custo do empréstimo (os juros). Portanto, empréstimo não é, por si só, perda nenhuma.
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