Eu fico impressionado com a quantidade de vezes em que se diz que 5 é maior do que 6 nos media portugueses. Ainda agora foi a TSF que repetiu até à exaustão que "2008 foi o ano mais violento da última década". A notícia até está online, para se confirmar.
Abre-se o relatório da segurança interna e quais são os números que se vêem?
Criminalidade Violenta:
2008: 24317
2006: 24534
2004: 24469
Estou em crer que o número de 2008 é mais baixo do que os outros dois, mas devo ser só eu.
Nota: eu estou a comparar os números pela bitola da TSF! Não faz sentido tirar grandes conclusões de números que tratam um homicídio e um roubo por esticão da mesma maneira. Além disso tratam-se de números dos crimes registados, e não de números dos crimes praticados como a TSF faz crer.
Adenda: julgo ter percebido de onde vem a aldrabice da TSF. Não fui verificar a veracidade dos números, mas comparando com um artigo no Expresso, parece-me que a TSF inclui coisas como passagem de moeda falsa, condução com álcool em excesso, falsificação de documentos, condução sem carta, incumprimento dos direitos de autor, etc. na sua definição de "violência". Porquê ficar por aqui? Uma má combinação de cores na roupa, um erro num exame de história, tudo isso pode ser violência. Basta querermos!
De
A.R a 28 de Março de 2009 às 11:43
É preciso dizer, de uma vez por todas, que não temos um tratamento estatístico sério da criminalidade em Portugal. O que temos são registos de merceiros, sem ofensa para estes. É verdade que a imprensa especula com incompetência sobre tudo isto, mas é evidente que a postura do Governo nesta matéria não é mais competente.
Se as estatísticas são boas ou más, é me totalmente irrelevante para o caso.
A questão aqui é que a TSF constroi uma mentira (você chama-lhe especulação... para mim é uma mentira), baseando-se alegadamente nas estatísticas.
De Tiago Pires a 28 de Março de 2009 às 17:05
Antes de mais parabéns pelo vosso trabalho aqui, só conheço este blog há uns poucos dias, mas finalmente vejo alguém a escrever sobre a forma como os media fazem o trabalho deles.
Por muitas vezes tenho reclamado no sistema de comentário online de alguns jornais, mas geralmente o único efeito é virar contra mim a ira de metade dos comentadores, que confundem a crítica à forma como algo é noticiado como uma tomada de opinião sobre o objecto da notícia. Já tinha pensado em abrir um blog assim, mas ainda bem que vocês o têm, poupam-me imenso trabalho.
Quanto a este assunto em questão, eu não me tinha dado ainda ao trabalho de verificar os números, mas mesmo que fosse ao contrário, e o 6 valesse menos que 5, há aqui alguma tendência nos números que valha todo este estardalhaço? Mas andam todos parvos? O que são 200 crimes em 24,000?
Obrigado
Muito obrigado pelo comentário!
Nem imagina como o compreendo, quando diz que se confunde críticas ao tratamento dos factos com tomadas de posição. Isso é tão frequente e irritante ao ponto de nós próprios fazermos alguma auto-censura quando pensamos em escrever um post.
Devo dizer que o blog está aberto a contribuições dos leitores através do email. Já vários leitores o fizeram.
Em relação ao seu último comentário, concordo em absoluto. Nem imagina a quantidade de posts que ficam na gaveta com críticas assim. A questão é que é complicado estabelecer uma fronteira entre críticas objectivas (como a do post) e críticas a escolhas editoriais patetas. Muitas vezes há relatórios sobre o tema X, com 100 dados sobre o tema X, mas a notícia é feita sobre uma frasezinha ou númerizinho sobre o tema Y, só por este ser mais sensacionalista. Outras, quando há um dado positivo, fazem-se milhentas remisturas das estatísticas para o tornar numa notícia sensacionalista: comparar valores, comparar variações, comparar variações em %, comparar à média europeia, à variação da média, com ou sem inflação, a lista é gigantesca. A partir de que ponto é que podemos afirmar que a informação está a ser deutrpada?
De
A.R. a 28 de Março de 2009 às 19:37
Absolutamente de acordo com o seu post. Aliás, sou um leitor antigo e reconheço o rigor que põe naquilo que escreve. Se achou o meu comentário a despropósito, lamento.
Peço desculpa. Eu é que interpretei o seu primeiro comentário como uma crítica ao meu post.
Cumps
De Paulo Simões a 1 de Abril de 2009 às 19:27
Quem ler o vosso blog, irá ficar com a sensação de que há uma terrível campanha dos meios de comunicação (Público à cabeça) para denegrir o grande governo que nos governa. A quantidade de dados errados (ou não verificados ou não contestados) que a RTP e Antena 1 emitem (e que favorecem o governo pela propaganda que fazem) são muito menos visados no vosso blog, pelo menos recentemente.
Mas pode ser só uma sensação. Fora isso, a ideia é boa (embora devesse estar entregue aos editores dos jornais e demais media).
Caro Paulo,
muito obrigado pelo seu comentário.
Cada um tem a interpretação que lhe apetecer ter, não podemos fazer nada contra isso. Se o governo é grande ou pequeno, ou cor-de-rosa às bolinhas, é à vontade do freguês.
Nós apenas escrevemos os erros que nos saltam à vista no dia-a-dia de leitores dos media. Já expliquei dezenas de vezes, mas repito: a razão pela qual o Público é o principal "visado", deve-se apenas ao facto de ser o meu jornal preferido.
A razão pela qual há menos dados que "favorecem" governo (seja lá o que isso for na sua óptica), é JULGO eu muito simples: o sensacionalismo vende.
Se conhece dados errados da Antena1, RTP (não sei onde inventou esse de não serem verificados) ou seja o que for, eu peço-lhe encarecidamente que nos envie para o email do blogue.
Suplico-lhe mesmo, porque torna-se muito irritante ouvir acusações infundadas de apoio ao governo, quando apenas está em causa a publicação de factos, verificáveis por qualquer um. Se pedir que os media não aldrabem os factos é apoiar o governo, então olhe, aparentemente sou apoiante do governo.
Quanto aos editores, a gravidade dos disparates que se encontram por aqui são suficientes para provar que há muita gente que não está a fazer o seu trabalho correctamente.
Desculpe o tom furioso, mas é muito triste que alguém que apenas aponta disparates inequívocos e verificáveis, tenha constantemente que se defender.
Caro Paulo,
também não sei se percebi a sua referência à RTP. É só olhar aqui para o lado para ver que temos mais críticas à RTP do que a SIC e a TVI somadas.
Caro Paulo,
continuo ansiosamente pela sua contribuição. Por favor, concretize a sua acusação, para não ficar não ficar no ar.
Só volto a escrever porque reparei que o último post sobre a RTP foi um que na sua óptica deve cair na definição dos que "denegram" o governo.
Veja lá...
De Paulo Simões a 12 de Abril de 2009 às 04:27
Caro Miguel,
Dou a mão à palmatória. A crítica que fiz foi feita com base numa sensação que me tinha ficado pela leitura dos últimos posts (por isso disse "pelo menos recentemente"). Voltei a posts mais antigos e retiro aqui a minha crítica.
Quanto ao "tom furioso", no problem...
Comentar post