Segunda-feira, 19 de Novembro de 2007

Licenciados desempregados: um pouco de seriedade não fazia mal à SIC

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o número de licenciados desempregados em Portugal aumentou em 167.000.  

Esta notícia vem na primeira página do Diário Económico, e é citada em todos os  telejornais da SIC.

 

Diz a senhora locutora da SIC:

“O crescimento do desemprego nos licenciados desde que se iniciou a governação Sócrates põe em causa o modelo de crescimento baseado nas novas tecnologias como motor  para resolver os problemas do mercado de trabalho”.

 

Em entrevista dada àquela estação televisiva, Martim Avillez Figueiredo, director do Dário Economico, esclareceu (às 18:25 H), que as perdas de emprego estão a ocorrer  nas áreas das ciências humanas - professores, psicólogos, sociólogos, etc - onde de facto o número de licenciados desempregados aumentou. Mas refere ele, que nas áreas tecnológicas, pelo contrário, o número de licenciados não chega para satisfazer a procura. Portanto em bom rigor, não devemos estranhar estes números, antes considerá-los como inevitabilidades de uma adaptação estrutural da economia.

Disse ele!

Está explicado?

Talvez para alguns, porque nos noticiários seguintes da SIC (22.00h) a afirmação que se faz é exactamente a mesma dos noticiários anteriores: “O crescimento do desemprego nos licenciados desde que se iniciou a governação Sócrates põe em causa o modelo de crescimento baseado nas novas tecnologias pois não está a ser capaz de resolver os problemas do mercado de trabalho”

O senhor Dr Martim Avillez Figueiredo teve tanto trabalho a explicar e vocês não perceberam?

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publicado por Oscar Carvalho às 22:37
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3 comentários:
De NMCAF a 20 de Novembro de 2007 às 09:34
O próprio artigo do Diário Económico está cheio de falhas, quem se der ao trabalho de analisar o site do INE e procurar as estatísticas de 2005 e as comparar com o 3º trimestre de 2007 poderá constatar que a suposta redução de empregos nas classes de “dirigentes e quadros superiores, profissionais intelectuais e científicos e técnicos de nível intermédio” afinal está praticamente toda concentrada em dirigentes e quadros superiores, em que se observa uma redução de 164,8 milhares de empregos. Nos profissionais intelectuais e científicos ocorre uma redução de 3,5 milhares (-0,8% de variação) e na outra classe referida, técnicos de nível intermédio, na realidade o emprego até aumenta, 1,4 milhares (+0,3% variação).

A própria análise da evolução das estatísticas por sector (q6) confirma as conclusões do director do DE (que não vi espelhadas no artigo, vá-se lá saber porquê...) e evidencia a falta de exactidão do artigo e omissão de dados importantes para justificar a "manchete" bombástica...


De Miguel Carvalho a 20 de Novembro de 2007 às 15:34
Escrevendo agora como mero observador e não como autor do blogue, fico com uma enorme curiosidade em perceber o que aconteceu nessa redução de 164,8 milhares.
É uma variação enorme. Em que sectores é que isto se deu?
Não conheço as estatísticas, mas será que houve uma redefinição das classes? Não me parece provável...
De NMCAF a 21 de Novembro de 2007 às 13:19
Um dado também omitido é que essa classe inclui quadros superiores da administração pública. Seria interessante analisar a evolução nos sectores público e privado, mas os dados disponíveis não chegam a esse detalhe (pelo menos nesta publicação do INE).

A Classificação Nacional de Profissões (link: http://portal.iefp.pt/pls/gov_portal_iefp/docs/PAGE/PORTAL_IEFP_INTERNET/CPROFISSIONAL/CNP/CAP1.PDF) inclui o detalhe por sectores de actividade da classe de dirigentes e quadros superiores, portanto julgo que o INE terá esses dados.

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