Dois erros em um só texto de informação num jornal “de referência” (Público) ou numa agência informativa “de referência” (Lusa) é obra:
1) Confundir a infecção com o vírus HIV com ter SIDA.
Pode estar-se infectado com o vírus HIV e não necessariamente “ter SIDA” (a que corresponde a fase final da infecção em que o sistema imunitário do indivíduo já não consegue lutar contra infecções que de outro modo conseguiria).
2) Confundir o número total de infecções com o HIV com o número de NOVAS infecções.
Considerando o número de infecções com o HIV acumulado, Portugal não é o quarto país “mais infectado”, mas sim o SEGUNDO mais infectado (além de bem à frente da França estar a Suiça e ainda a Bélgica, dependendo do número de novas infecções em 2006).
Mais ainda, considerando uma medida relativa, por exemplo o número de infectados por milhão de habitantes, Portugal é o “MAIS infectado” de toda a Europa Ocidental.
Nota: estas considerações podem ser confirmadas consultando o relatório das Nações Unidas referido na notícia (em http://www.unaids.org/en/), e o relatório HIV/AIDS Surveillance in Europe referido no primeiro relatório (em http://www.eurohiv.org/). Seria ainda bom prestar atenção a alguns dos problemas relacionados com a obtenção de estatísticas relativas às infecções com o vírus HIV escritos neste último relatório (p.ex. a taxa de incidência da infecção pode não coincidir com o número de novos casos diagnosticados em determinado ano, uma vez que a infecção pode ter ocorrido anos antes).