De acordo com as estatísticas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e tendo em conta os números que mais vezes foram sorteados desde o primeiro sorteio, em 2004, a «chave ideal» seria composta pelos números 01, 03, 12, 15 e 50.
As estrelas, seguindo o mesmo raciocínio, seriam o 01 e o 06.
Dos cinco números sorteados semanalmente, os que saíram mais vezes foram o número 50 (saiu 29 vezes), o 01 (saiu 28 vezes), o 03 (saiu 27 vezes), o 12 (foi sorteado 25 vezes) e o 15 (sorteado 24 vezes só em 2007).
Já os números «malditos», são o 46 (saiu sete vezes), o 20, 22 e 28 (que sairam 12 vezes cada)
Quanto às estrelas, tendo em conta a mesma estatística, o número 06 saiu 50 vezes e a estrela com o número 01 foi 48 vezes sorteada.
O número 04 foi a estrela que menos vezes saiu (30 vezes).
A falta de rigor
Diz assim o primeiro parágrafo do Código Deontológico dos Jornalistas:
O jornalista deve relatar os factos com rigor e exactidão e interpretá-los com honestidade
No entanto, na prática, o relato factual nem sempre é feito com rigor. Mesmo nos jornais de referência.
Reparem neste título do Publico (Domingo, 23 de Setembro)
NOVO CÓDIGO VAI DIFICULTAR COMBATE AO CRIME VIOLENTO.
O novo Código do Processo Penal define prazos demasiado curtos para a investigação da criminalidade organizada, diz Cândida Almeida.
Neste artigo, transcreve-se a entrevista dada ao PUBLICO e RÁDIO RENASCENÇA pela directora do Departamento Central de Investigação de Acção Penal (DCIAP).
Lendo toda a entrevista, não vejo que a entrevistada tenha feito uma declaração tão simplista como a que serve de título. Aceito contudo, que sub-liminarmente, a entrevistada tenha manifestado essa opinião.
O que me parece estranho, é que essa opinião é manifestada pela entrevistada de forma despropositada.
Pergunta: “Qual é a consequência da publicidade para os inquéritos?”
Resposta: “Na pequena criminalidade não há problema. Ofensas corporais não exigem segredos de justiça, um acidente de viação, um cheque sem cobertura, também não. Mas na criminalidade organizada e violenta, não é possível cumprir esses prazos que são demasiado curtos.”
Mais à frente:
Pergunta: “Portanto na sua opinião, a publicidade vai comprometer as investigações?”
Resposta: “Acho que sim, […] as perícias têm que ser feitas são extraordinariamente complexas e morosas. Facilmente estes prazos se esgotam.”
Admitamos que a transcrição é exacta,
Então a entrevistada mistura sistematicamente alhos com bugalhos, quando se lhe pede para falar sobre segredo de justiça ela fala de prazos?...
Admitamos que a transcrição não é exacta,
Houve um erro involuntário na transcrição e a jornalista acaba de demonstrar involuntariamente na prática, que prazos curtos para a execução das tarefas podem conduzir à má qualidade das mesmas.
Acontece: Uma das possíveis causas para os Erros involuntários é a distracção. Ficamos no entanto perplexos com uma distracção que ocorre num tema que é especificamente seleccionado para título do artigo.
“Médicos ‘receitam’ telemóvel aos 14 anos.” (Expresso, 15.09.07)
O artigo assim intitulado encontra-se publicado há já quase uma semana, mas só hoje tropecei nele. É daqueles que nos engelha imediatamente o nariz, porque à primeira não acreditamos no que lemos. Mas “receitam” mesmo? Que fonte vitamínica descobriram eles no telemóvel que reforça a saúde de jovens adolescentes e adultos?
“Nenhuma”, dir-nos-ia provavelmenete Vera Lúcia Arreigoso, autora do artigo, se lhe perguntássemos. “Estava a brincar com vocês e por isso até pus ‘receitam’ entre aspas. Estão a ver como assim vocês até param para ler o meu artigo, que é bem interessante diga-se de passagem, e doutra forma não o fariam”. Sem querer questionar o interesse do artigo, que eu próprio confirmo, este limita-se simplesmente a abordar a vulnerabilidade das crianças às ondas electromagnéticas criadas pelo telemóvel. Nada diz sobre maiores de 14 anos, excepto que estarão porventura menos expostos a este risco do que crianças com menos de 14 anos. Risco que, aliás, não está ainda cientificamente comprovado para nenhum destes grupos.
Então mas, afinal, receitam ou não os médicos telemóveis a maiores de 14 anos? “Claro que não”, responderia talvez Vera Arreigoso. “Simplesmente recomendam a sua não utilização a menores de 14 anos. Os maiores de 14 anos nem são sequer para aqui chamados”. Ou seja, o sensacionalismo escreveu um título mentiroso.
“Fed baixou os juros em meio porcento”. (Telejornal, 19.09.07)
É porventura o erro técnico mais comum na comunicação social e tem sido comentado entre os autores deste blog um sem-número de vezes. A frase é de José Rodrigues dos Santos (JRS), mas poderia ser de muitos outros jornalistas.
JRS referia-se ao facto de a Reserva Federal norte-americana (Fed) ter decidido descer a taxa de juro de referência de 5.25% para 4.75% e comentava o efeito positivo desta alteração nos índices bolsistas americano e europeus. Ora, se o ponto de partida é uma taxa de 5.25%, uma descida de 0.5%, como nos diz JRS, implicaria uma nova taxa de 5.25*(1-0.005)=5.22%. Assim como diríamos de um pão que custava 1 euro e passou a custar 90 cêntimos que o seu preço diminuiu 10% = [(100-90)/100]*100. Quando falamos de uma taxa de (de)crescimento percentual falamos necessariamente de um (de)crescimento em relação a um ponto de partida.
É para evitar estas confusões que existe o conceito de “ponto percentual”. Se JRS queria noticiar uma descida de 5.25% para 4.75%, então deveria ter dito que o Fed baixou os juros em meio ponto percentual. Felizmente, uma pesquisa rápida nas secções de informação económica do site da RTP revela que nem todo o seu staff comete este tipo de imprecisões: em formato escrito, uma notícia muito semelhante publicada na terça-feira encontrava-se tecnicamente correcta. À hora de jantar, porém, insiste-se no que está mal. É um erro menor, com certeza, e passará despercebido na cabeça da maioria das pessoas, mas é erro, é recorrente e… o pente é fino.
Nem de propósito, exactamente sobre o mesmo assunto podia ler-se no site do Diário Económico na mesma terça-feira o seguinte excerto: “Depois de 17 aumentos consecutivos dos juros para os 5,25%, a Reserva Federal (Fed) norte-americana decidiu hoje efectuar um corte de 50 pontos percentuais na sua taxa de juro de referência para os 4,75%”. O jornalista Tiago Figueiredo Silva (TFS) sabe que não pode usar o termo “porcento” e decide-se por “pontos percentuais”. Mas exagera na magnitude: não são 50, são apenas 0.5.
TFS terá provavelmente confundido “pontos percentuais” com “pontos base”. Um ponto base é um centésimo de um ponto percentual. Uma alteração da taxa de juro de 5.25% para 4.75% representa uma descida de meio ponto percentual ou, equivalentemente, de 50 pontos base. Mas nunca “meio porcento” e jamais “50 pontos percentuais”.
O amianto é conhecido pelas suas excelentes características de isolamento térmico. Devido a isso, e até ser proibida a sua utilização pela Organização Mundial de Saúde, foi durante anos profusamente utilizado na construção de edifícios. As chamadas placas isolantes de fibrocimento são na realidade constituídas por uma mistura homogeneizada de 10% de amianto com 90% de cimento.
O amianto só é perigoso quando inalado.
As fibras alojadas nos pulmões podem aí permanecer durante anos. O nosso organismo reconhece-as como um “corpo estranho” e reage tentando eliminá-las através das suas células de defesa que, com o objectivo de destruir as fibras, libertam determinadas substâncias. Estas substâncias, além de se mostrarem incapazes de eliminar as fibras, agridem os pulmões e daí podem surgir várias doenças: asbestose (doença pulmonar), cancro pulmonar e mesotelioma.
A probabilidade de alguém adoecer depende de vários factores: dimensão das partículas, concentração das fibras respiráveis em suspensão no ar, tempo de exposição às fibras, susceptibilidade individual.
Apesar do perigo negligenciável que representa a presença do amianto num edifício –desde que bem conservado- os jornais gostam de nos alarmar: o perigo espreita silencioso nos locais mais insuspeitos.
Diz o JN em título: Amianto por todo o país
E diz o DN: (17 de Setembro)
Enquanto em algumas escolas se celebrava um futurista "choque tecnológico" nas aprendizagens, outras preparavam o regresso às aulas sob o risco de choques eléctricos ou a velha ameaça - cuja dimensão está por avaliar - do amianto que contamina os seus edifícios. Esta manhã, quando a maioria dos cerca de 1,65 milhões alunos começarem as aulas, nem todos saberão se o fazem num local seguro.
Horror! As nossas crianças expostas a tanto perigo!
Aos senhores jornalistas, bastava uma pesquisa rápida na net para terem uma informação mais precisa sobre o potencial risco.
Por exemplo, no site da Faculdade de Farmácia da Faculdade do Porto, (http://www.ff.up.pt) pode ler-se
”…o risco (do amianto) resulta de uma exposição prolongada, estão mais expostos os trabalhadores, os seus familiares (através do contacto com as fibras que os trabalhadores transportam por exemplo nas roupas do trabalho) e comunidades vizinhas das indústrias que utilizam amianto como matéria prima, nomeadamente as indústrias de fibrocimento, têxteis, de material de plástico, automobilística, etc.”
É importante reconhecer que as doenças provocadas pelo amianto são o resultado de um contacto prolongado com níveis elevados das suas fibras.
Estas doenças praticamente só atingem pessoas que estão ou estiveram expostas a níveis elevados de fibras durante um longo período de tempo (por exemplo os trabalhadores das fábricas de fibrocimento).
Para as outras pessoas, os riscos são extremamente baixos. Por exemplo, se alguém estiver sentado num edifício que contenha amianto, é mais provável ser atingido por um raio do que vir a morrer prematuramente devido ao amianto. Como todos sabem, o cimento é um forte ligante e não permite a libertação fácil das fibras e amianto.
A menos, é claro, que haja uma degradação mecânica da placa. Daí que há que ter especiais cuidados nas demolições que devem ser entregues a empresas especializadas.
Haja alguém que explique aos senhores jornalistas que amianto e plutónio são coisas diferentes.
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