Segunda-feira, 14 de Janeiro de 2008

100 milhões de euros pelos lobos

Há vários meses que tem sido repetida nos meios de comunicação a ideia que as auto-estradas A7 e A24 teriam sido mais caras para protecção de algumas alcateias de lobos na região de Vila Pouca de Aguiar, sem ser explicada a origem deste número.

O blog ambio explica o que na realidade se passou, que tem pura e simplesmente a ver com mau planeamento e não com protecção ambiental.

(Eu já tive oportunidade de passar pelo "ecoduto" que é referido no texto, e posso assegurar que não é mais do que um simples e estreito viaduto tal como as passagens aéreas de peões sobre as vias-rápidas.)
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publicado por Miguel Carvalho às 16:22
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Domingo, 13 de Janeiro de 2008

1/6 de qualquer coisa é superior a 15% dessa coisa

Em mais um texto no caderno de economia do Expresso de ontem, João Silvestre escreve sob o título "Paraísos de Investimento" o subtítulo "Quase 15% do investimento directo por empresas portuguesas no exterior vai para «Off-shores»". Logo a seguir, no texto: "mais de um sexto do investimento das empresas portuguesas no exterior foi para paraísos fiscais". Então mas como pode ser "quase 15%" e "mais de um sexto" simultaneamente? Pelas minhas contas, um sexto equivale a 16.(6)% e é, portanto, maior que 15%. Se tivesse dito "mais de um sétimo" até estaria certo, só que, por mais incrível que pareça, um sétimo é menor do que um sexto.
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publicado por Pedro Bom às 14:17
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Quarta-feira, 9 de Janeiro de 2008

2% não me diz nada, agora 2.3%... ui, isso já é outra conversa

O principal artigo da secção de Economia do Público de hoje é um autêntico monumento ao disparate. Ora, vejamos.

1. Logo na capa: "BdP [Banco de Portugal] prevê paragem da retoma em 2008". Considerando já as previsões revistas (em baixa) pelo BdP, o PIB real cresceu 1.9% em 2007, crescerá 2% em 2008 (contra os 2.2% previstos pelo Governo) e 2.3% em 2009. Quer dizer, o PIB real em 2008 não só cresce como ainda cresce a uma taxa superior à de 2007, e vem o jornalista de serviço, de nome Sérgio Aníbal, dizer-nos que o BdP prevê uma "paragem na retoma". Haja paciência.

2. Ainda na capa: "Menos consumo privado". Menos? Então mas não está estampado no quadro em anexo ao artigo que o consumo privado cresce 1.1% em 2008? Como é que é menos?

3. Continuamos na capa: "Abrandamento das exportações". Como é que é? Então mas no mesmo quadro não está indicado um crescimento de 4.9%? [A propósito de quadros, o que aparece no artigo nem o é bem... é mais um agrupamento de números atirados à cara do leitor, que fica desta forma convidado a descobrir o que querem dizer. Nem uma indicação do que os números significam... se são em valor absoluto ou em taxa de variação, se são nominais ou reais. Enfim.]

4. Mais à frente, já no texto: "o optimismo em relação à evolução da economia está agora adiado para 2009". Então mas a economia cresceu 1.9% no ano passado, espera-se que cresça 2% este ano e 2.3% no próximo e temos de esperar para 2009 para estarmos optimistas? E porquê 2009? Porque 2% não presta mas 2.3% é muito bom? Já agora, qual é a fronteira entre o pessimismo e o optimismo? 2.15%? Ou serão os 2.2% anteriormente estimados pelo Governo? Por mim, nem um valor nem outro me satisfaz. Há muito que deveríamos estar a convergir para o rendimento médio da Zona Euro. Para o Sérgio Aníbal, a miraculosa passagem de uns meros 2% para uns meros 2.3% resolve a questão. Segundo o próprio, o primeiro número significa "intervalo na retoma", enquanto que o segundo traduz "optimismo" e "recuperação mais forte", só porque o crescimento médio da Zona Euro patina algures no meio.

5. Mais à frente: "os 4.9 por cento [de crescimento das exportações] agora apresentados significam que o Banco de Portugal, ao contrário do que aconteceu em 2006 e 2007, está à espera de uma quebra de quota de mercado em 2008". Pois, exportamos mais 4.9% e daí conclui-se que perdemos quota de mercado... Qual seria a conclusão do Sérgio Aníbal se a taxa de crescimento das exportações tivesse sido nula de 2006 para 2007 e 4.9% de 2007 para 2008? Aposto que seria diferente.

6. Logo a seguir: "são só 0.4 pontos, mas podem vir a ser mais". Deduzo que ainda se refere à perda de quota de mercado. Mas, 0.4 pontos? Donde vem este número?
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publicado por Pedro Bom às 21:00
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Terça-feira, 8 de Janeiro de 2008

Como é que eu posso explicar isto ao senhor...

Luís Filipe Menezes questiona hoje como é possível que o governo tenha dinheiro para emprestar milhões a Berardo para comprar acções e não tenha dinheiro para aumentar as reformas. Para lá de algumas confusões com as instituições envolvidas, nunca pensei que um adulto tivesse esta dúvida, de distinguir entre o dar e o emprestar, de modo que vou tentar explicar como a uma criança de 3 anos.
Aos velhinhos está-se a dar para eles fazerem o que quiserem com o dinheiro.
Ao Berardo está-se a emprestar, o que quer dizer que ele depois tem que o dar de volta aos senhores. (Explicar o pagamento de juros em empréstimos fica para daqui uns anos)
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publicado por Miguel Carvalho às 21:17
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Tiro-te hoje e dou-te amanhã, logo ficas a ganhar

O governo tomou a decisão de adiar o aumento das pensões de Dezembro para Janeiro, distribuindo por isso o aumento que os pensionista estavam habituados a receber em Dezembro, pelas 14 prestações de 2008 de modo a compensar o atraso. Embora seja verdade que isto beneficiará os pensionista daqui um ano porque a base de referência para os aumentos de 2009 será maior, não tem pés nem cabeça vir dizer, como faz o secretário de Estado da Segurança Social Pedro Marques, que assim os pensionistas não perdem poder de compra de 2007 para 2008 - em oposição à possibilidade de terem recebido esse aumento em Dezembro o que levaria a uma perda do poder de compra.
Nas duas hipóteses os pensionistas recebem exactamente o mesmo dinheiro (nominalmente, porque se pensarmos em termos reais ainda teremos mais um argumento contra este disparate), logo daí é estranho que numa haja uma perda e noutra um ganho. Se pensarmos num caso extremo, no caso em que os pensionistas tivessem recebido ZERO em Dezembro, e a (dupla) pensão de Dezembro fosse distribuída ao longo de 2008, então teríamos segundo Pedro Marques um "enorme aumento do poder de compra".
Resumindo, tiro-te em 2007 para te dar em 2008 e assim terás um aumento de um ano para o outro.

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publicado por Miguel Carvalho às 15:02
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Quarta-feira, 2 de Janeiro de 2008

Paridade do Poder de Compra

174€ é segundo o Expresso a diferença entre o salário mínimo em Portugal e Espanha. Como sempre as comparações directas não fazem muito sentido, mesmo dentro da Zona Euro, porque nós não vivemos de euros mas do que fazemos deles. Por outras palavras os mesmos 100€ em Portugal e em Espanha têm valores diferentes.
Não há números para 2008, mas em 2007 (ano em que a diferença percentual entre os dois até era maior) e medido em euros o salário mínimo espanhol era 42% maior. Medido em paridade do poder de compra era 33%.
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publicado por Miguel Carvalho às 11:27
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Pão

A Associação de Comércio e da Indústria de Panificação todos os anos nos tenta enfiar o barrete do aumento do preço do pão. Este ano foram menos radicais, sugeriram aumentos entre os 10% e os 30%, mas nos anos anteriores lembro-me de ver os 40% serem repetidos. A culpa é alegadamente do preço da farinha.
Sejamos claros, a farinha apesar de ser a matéria prima mais simbólica (daí talvez julgarem haver espaço para este comportamento de cartel) é apenas uma pequena parte do custo do pão. Além de outras matérias primas, como água, fermento, leite, sal, etc... as panificadoras também têm custos de mão-de-obra (este sim bem maior), energia, transporte, aluguer de espaços, maquinaria, impostos, rendas, etc... etc...  Para que se justificassem aumentos desta grandeza do pão, os preços da farinha teriam que estar a quadruplicar ou quintuplicar todos os anos, o que obviamente não aconteceu.
(Onde pára a Autoridade da Concorrência, que em tempos já se declarou "atenta" a esta questão?).
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publicado por Miguel Carvalho às 09:53
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Preços sobem mais que... os preços

A SIC na sua ânsia cega de sensacionalismo brindou-nos ontem com uma reportagem onde se lia em letras gordas "Aumentos. Preços sobem acima da inflação".
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publicado por Miguel Carvalho às 09:48
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Jornalismo de merda II

Ao ouvir um familiar nestas festas a comentar à mesa que "disseram que o nosso poder de compra continua a descer" lembrei-me que faltava o meu comentário final ao que escrevi aqui, aqui e aqui. O que mais me chocou não foi a mentira repetida em quase todos os media (que o nosso poder de compra desceu), nem a segunda mentira (que ele voltou a descer), nem o erro técnico (confundir poder de compra com PIB per capita), nem uma palermice do jornalista (que ao não saber o que significa paridade do poder de compra fez um copy-paste vá lá saber-se de onde, e escreve que o estudo "excluía" a inflação), nem a segunda palermice de inventar um "tendência europeia" (quando os dados eram uniformizados, logo com a tendência excluída).
O que mais me chocou, e aqui só tenho que admitir a minha ingenuidade, foi perceber como é que as mentiras se espalham. O comunicado original da LUSA, apesar de um pouco sensacionalista, estava correctíssimo. A partir dele cada órgão de comunicação social (excepção para o DN e o Público) foi juntando mentiras e erros ou apenas copiando o que estava escrito, mas nenhum se deu ao trabalho de verificar a fonte (o que me demorou segundos a fazer). Isto ainda seria "compreensível" por uma questão de automatismos de copy-paste em redacções com poucos jornalistas e falta de tempo, mas não foi isto que aconteceu. Nenhum dos órgãos fez copy-paste da LUSA, deram-se sim ao trabalho de comparar as várias versões já publicadas, escolheram a mais sensacionalista que encontraram (só assim se explica o acumular dos mesmos erros) e alguns juntaram mais um erro, mas nunca tiveram a mínima preocupação de verificar a sua autenticidade.
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publicado por Miguel Carvalho às 08:54
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