1. Hoje no OJE temos uma fotografia de um cartaz a ser colado em Nápoles que diz "Se elimina immondizia e criminali, Berlusconi Santo subito". Na legenda diz "um homem cola um cartaz que reza “Berlusconi santo já!” em Nápoles"... sem traduzir a primeira parte!
2. Um leitor enviou-nos a seguinte imagem publicada há anos no Público
Onde na legenda se troca "rentrée" (regresso) por reforma!
Tanto num caso como no outro claramente não se trata de meras distracções. São deturpações grosseiras do original que só podem ser cometidas por alguém que não percebeu absolutamente nada do que estava em causa. O que levanta a questão, se a "coisa" lhes passou ao lado, como é que decidem publicar as imagens?!
"The credit crunch is continuing and it is not evident that the worst is over, the head of the European Central Bank has told the BBC" lê-se no site da BBC.
Onde existe uma declaração prudente com algumas incertezas, o Público viu um dado adquirido, escrevendo "Jean Claude-Trichet avisa que pior da crise ainda não passou".
Nem mais!
----------
A propósito de Público, recebi uma resposta do Provedor do Público sobre o disparate descrito neste post, que lhe enviei então. Dando uma vista de olhos rápida pelos números ele diz "os dados revelados na notícia em questão estão de acordo com o que é dito no título da 1ª página (...) parece que a contradição estará no estudo do ISCTE e não na notícia do PÚBLICO". Ora é óbvio, quem fez o estudo é que se enganou nas suas próprias conclusões!
No Público de sexta-feira passada, lê-se a propósito de uma supernova "há apenas 140 anos, uma estrela explodiu (...) a 25 mil anos-luz de nós". Um ano-luz é a distãncia que a luz percorre ao longo de um ano. Logo nós só sabemos dos eventos que ocorrem a 25 mil anos-luz de nós passados... 25 mil anos! O Público, recebendo informação do futuro, pode já hoje noticiar esta explosão que aconteceu apenas há 140 anos.
Ontem na Cadeira do Poder Marco António do PSD insistia, e bem, que era necessário converter os preços de dólares em euros para sabermos do que estamos a falar, tal como nós tantas vezes aqui escrevemos.
Dizia contudo que o preço do crude em 2000 era de 70€ por barril, e que hoje era de 78,5€. Eu não sei se Marco António agora usa forwards de e-mail, que andam para aí a circular, para basear as suas posições políticas mas na página do Banco Central Europeu, podemos ver que o preço médio do Brent em 2000 foi de 31,0€ (tendo alcançado um máximo de 37,7€ de preço mensal médio em Novembro) ou seja bem menos de metade!
Tentem ler este artigo do DN, de Rudolfo Rebêlo e Rui Coutinho, sem rir. Pelo caminho contem o número de disparates que encontram. Eis os meus:
1. Logo a primeira frase do artigo: "As famílias portuguesas estão a consumir menos". Mais à frente: "O consumo das famílias, ao crescer apenas 0.3% (...)". Ou seja, em poucos centímetros de papel os portugueses consomem menos e mais ao mesmo tempo.
2. Segunda frase: "Os empresários estão a apertar o investimento". Mais à frente: "para o corrente ano, as variáveis mais dinâmicas serão o investimento e as exportações". Para quem não saiba, chama-se a isto um "aperto dinâmico"...
3. Ainda sobre crescimento económico: "A economia terá crescido entre 1.6% e 1.7% em relação ao período de Janeiro a Março do ano passado". Pelo que se conclui, como está bom de ver: "o ambiente na actividade é semelhante ao sentido no terceiro trimestre de 2007".
4. Ainda sobre consumo: "o indicador avançado do consumo do Banco de Portugal detectou uma descida dos gastos das famílias". Ah sim? Não foi antes uma queda no crescimento dos gastos das famílias, como escrevi aqui? Mas continuam: "o que parece ser comprovado pela desaceleração das vendas dos lojistas e dos serviços". Ah, essa também é boa... a queda nas compras é comprovada pela desaceleração das vendas.
5. "O défice comercial agravou-se, mas (...) o contributo do comércio externo para o crescimento da economia terá sido positivo". Agrava-se mas ainda assim contribui positivamente... também é boa.
Já estamos todos fartinhos de ver isto. Os jornalistas gostam muito de brincar com as palavras dos entrevistados até conseguirem com elas um sentido mediático que originalmente não tinham. Depois chapam-nas no título, claro. Ora vejam lá esta do Expresso, que "cita" em letras garrafais Pedro Passos Coelho, candidato à liderança do PSD: "Não sei se será pior Ferreira Leite ou Santana". Bem, só falta o ponto de exclamação no fim para dar mais ar de quem já partiu ao ataque: "é que são os dois tão maus, mas tão maus, que eu nem sei quem é pior!", ou, como diria o Fernando da padaria: "xiii, venha o diabo e escolha!". E como é que o Expresso saca tão estrondosa "afirmação" de Pedro Passos Coelho? Então, nada mais fácil, perguntam-lhe: "Quem é que pior, Ferreira Lopes ou Santana Lopes?". E ele responde: "Não sei".
A propósito de uma subida de 3 cêntimos no preço da gasolina, uma jornalista dizia há pouco no Telejornal que "nós fizemos as contas".
Suspense....
"Encher um tanque com 50 litros vai custar mais 2 euros".
Eu não sei se a jornalista não sabe fazer 3 vezes 5, ou se estamos perante mais um dos diários casos de "arredondamentos à bruta para cima" para dar um toquezinho de sensacionalismo.
Nota: este é mais um caso em que o erro é insignificante, ninguém dá atenção aos 2 euros. Não estou a querer ser mesquinho, apenas questionar o que leva a jornalista a não dar o resultado certo que estava mesmo ali à mão.
Hoje, no Jornal Nacional da TVI, Manuela Moura Guedes inaugurou um "Barómetro Semanal" para avaliar a popularidade dos dirigentes políticos. Não é uma sondagem, talvez por isso não se tenha sentido obrigada a apresentar uma ficha técnica.
Na ausência de informação sobre a amostra, permito-me conjecturar que a Dona Manuela, tenha perguntado ao marido e à empregada da limpeza, qual a opinião que têm sobre o desempenho semanal dos políticos, e depois, ela própria, faz umas trabalhosas percentagens.
Claro que o valor desta brincadeira é ZERO!
Chegado por e-mail
Mais um exemplo de uma notícia onde o título inventa uma confissão que depois não é secundada pelo texto. Diz hoje o SOL que "Olmert disse: «Nunca recebi subornos. Nunca»". Mais à frente "Numa comunicação que durou seis minutos, Olmert confirmou que recebeu dinheiro do investidor nova-iorquino Morris Talansky, mas insistiu que se tratava apenas de doações para financiar a sua campanha de reeleição à câmara da cidade e à liderança do partido Likud.".
Qual o título que o SOL escolhe? "Olmert admite receber subornos mas recusa renunciar ao cargo"!!
Não está em causa se aqueles fundos eram suborno ou não, não está em causa a ética do senhor. O que está em causa é que o SOL viu uma confissão onde ele não existe.
O Expresso do último Sábado dedica duas páginas à crise alimentar, em particular à escalada de preços dos cereais e à consequente subida do preço do pão. Depois tem uma coluna lateral à página 3 onde se lê no título: "Fazer pão em casa, moda ou necessidade?". Isto porque parece que há por aí muito português a comprar máquinas de fazer pão, e o Expresso especula se a razão não será o aumento do seu preço. Pergunto-me: Então mas essas máquinas não precisam de cereal para produzir pão? E o preço desse cereal não sobe como o do outro? Com a breca, tanta tinta gasta com os preços dos cereais, que fazem inevitavelmente subir o preço do pão e mais não sei quê, e depois os portugueses compram máquinas porque o pão está caro... Arre.
correio da manhã(13)
desemprego(15)
diário digital(24)
dn(82)
economia(65)
estatísticas(22)
expresso(26)
inflação(13)
lusa(15)
matemática(12)
percentagens(26)
público(102)
publico(9)
rigor(9)
rtp(20)
rudolfo(16)
salários(10)
sensacionalismo(135)
sic(11)
Blogs catadores
Médico explica medicina a intelectuais
Blogs sobre Jornalismo
Blogs sobre Economia
Blogs sobre Sondagens
Fontes Fidedignas