Desenvolvimento humano elevado: Portugal é o único a descer entre 70 países é o que se lê hoje na capa do Público num trabalho de Bárbara Wong.
1. Embora não esteja incorrecto, não deixa de ser curioso que só se pegue em 70 países e não na amostra toda. (Ver também 2.)
2. Aparentemente (o texto não é claro) está-se a comparar os números de 2005 (agora publicados) com os de 2000. Porquê 2000? Devem ter passado a tarde inteira a fazer combinações de grupos de países e anos a comparar até chegar à notícia mais bombástica. Ora isto não é sério. É sensacionalismo.
3. Quem lê o texto com atenção apercebe-se que afinal a comparação é absurda. Uma responsável do PNUD diz que o método de cálculo foi alterado este ano, logo não faz sentido comparar os valores porque medem coisas diferentes! É como comparar as estatísticas de goal average deste ano com os pontos no campeonato no ano passado.
4. Isabel Pereira, a referida responsável do PNUD, disse na TSF (provavelmente disse também ao Público, mas não dava jeito publicar) que se se usasse o método de cálculo deste ano com os valores do ano passado, então Portugal NÃO TERIA DESCIDO no índice.
5. Imediatamente depois das explicações de Isabel Pereira, que - sublinho - faz parte da equipa que fez o estudo, a jornalista por estupidez ou por arrogância decide contrariar esta explicação escrevendo "no entanto, em 2000 este índice era de 0,904 e é agora de 0,897". "No entanto"??? Deve ser mesmo por estupidez.
6. O texto baralha constantemente duas alterações: o valor do índice e a posição no ranking.
7. Embora se dê importância à descida de uma posição, o texto nunca refere o quão volátil é este ranking (agravado pela alteração do cálculo). Por exemplo enquanto os EUA desceram 6 e a França subiu 6.