Pedro Ferreira Esteves diz hoje no DN que "é uma característica do novo milénio: nunca como nos últimos anos a vida dos consumidores foi tão afectada pelo que se passa nos mercados financeiros". Bom, ainda poderia contra-argumentar com 1929 que parece ter sido uma crise e pêras, que começou exactamente com um crash bolsista, mas vamos partir do princípio que a dita economia real está agora mais dependente da dita economia financeira (embora isto seja algo difícil de medir, concordo em geral com a ideia, mas a minha opinião não é para aqui chamada).
É aqui que Pedro Esteves começa com trocas e baldrocas. Logo a seguir escreve "O petróleo renova máximos, os custos energéticos sobem. A procura por bens agrícolas aumenta, e os preços dos alimentos dispara". Ora petróleo e bens agrícolas não são produtos financeiros, são produtos reais, daqueles que se pode tocar. E desde que existe comércio que o aumento de matérias primas leva a aumento de preços no produto final, não houve alteração nenhuma.
A seguir diz "as taxas Euribor reagem em alta aos problemas no mercado de crédito e as prestações para pagar a casa aumentam". Vá lá, isto já são produtos financeiros, contudo isto são tudo sinónimos. As taxas Euribor são taxas do mercados de crédito, e as prestações da casa são créditos. É como dizer que os graus centígrados e a temperatura reagem ao calor.