Leio no Record que um tal de Sepsi já foi oficialmente apresentado como jogador do Benfica, ou, melhor, como "reforço" do Benfica, e que "nos próximos cinco anos e meio vai vestir a camisola 33". Existe há muito na comunicação social portuguesa, sobretudo na da especialidade, o estranho hábito de chamar "reforço" a todo o futebolista recém-contratado. Pode não valer ponta dum corno, é reforço. Pode chamar-se Laurent Robert, Paredes ou Bergessio, é reforço. Até podia ser eu, era reforço. Do alto da minha ingenuidade, pensava que reforço era qualquer coisa que, vá lá... reforçava. Pelo menos é o que diz o dicionário. Só não percebo é a razão pela qual o Benfica, que enche o carrinho de "reforços" logo que abrem os saldos (para se juntarem a outros que outrora terão sido também "reforços"), nunca parece reforçado.
A de "vestir a camisola 33 por cinco anos e meio" também é clássica. Assim como estamos fartíssimos de ler: "de águia ao peito por quatro épocas" ou "de encarnado nas próximas três temporadas". Ou seja, quem escreve estas frases (normalmente na capa dos desportivos) pensa que o jogador (ou melhor, o "reforço") chega, joga (ou não) durante o prazo estipulado, acaba o contrato e vai embora. Será que ainda não perceberam que isso é coisa rara nos tempos que correm, que a grande maioria dos jogadores não cumpre integralmente o contrato original? Muito antes disso, ou são vendidos, ou são emprestados, ou são dispensados e rescindem o contrato amigavelmente... Agora, chegar, assinar contrato, cumpri-lo e ir embora, só mesmo se for... reforço.