Alguém do Expresso escreveu na última página "Economia piora", e, por baixo, "A situação económica nacional voltou a agravar-se em Dezembro", e ainda, "O indicador coincidente do Banco Portugal está em queda desde Outubro". Só disparates. O que realmente está em queda desde Outubro é a
taxa de variação homóloga deste indicador, como consta do Quadro 5 do relatório de
Indicadores da Conjuntura do Banco de Portugal. Acontece que esta mesma taxa foi sempre positiva ao longo de 2007, Dezembro incluído, o que significa que o indicador coincidente da conjuntura económica do Banco de Portugal não está a diminuir, simplesmente aumentou menos, em termos homólogos, que no mês anterior. Portanto, Sr(a). Jornalista do Expresso que escreve estes disparates, se me está a ler, isto não significa que a "economia piorou", significa tão só que a actividade económica desacelerou. Será assim tão difícil de entender?
Nota: Um indignado leitor alerta para o facto de o indicador coincidente do Banco de Portugal ser por definição uma taxa de variação homóloga. Definir o indicador como um indíce (nível) ou como uma taxa de variação (como parece ser o caso) é completamente irrelevante. O que é relevante é que os números em questão (chamando-lhes indicador coincidente, ou, como eu, taxa de variação do indicador coincidente) representam variações percentuais homólogas. E, sendo positivos, não permitem concluir que a situação económica é pior (atenção: a questão do desemprego é de enorme importância mas não entra neste debate), por mais descontentes que estejamos com o rumo das coisas. Portanto, com o fraseado devidamente ajustado, a crítica ao artigo do Expresso mantem-se intacta.
De Nuno a 21 de Janeiro de 2008 às 17:15
Vou tentar outra vez. Não há outro indicador coincidente do BP que não seja este. Para clarificação aqui fica um excerto do documento (pág. 4): "Em Dezembro, o indicador coincidente mensal para a evolução homóloga tendencial da actividade económica, calculado pelo Banco de Portugal,
registou uma diminuição face ao observado no mês anterior." Por isso, quando se diz que o indicador caiu é outra forma de dizer que a variação homóloga diminuiu.
Um breve comentário e uma dúvida existencial.
Comentário: Uma economia que cresce menos ou desacelera é pior que uma economia que cresce mais ou acelera. Não há volta a dar. Tudo o resto é mentira. Preferia dizer que a economia melhorou quando o indicador coincidente caiu? Olhe que o BP, que o calcula, não o faz.
Dúvida existencial: Diz-me que o que piorou foi a variação da actividade e não a actividade propriamente dita. Importa-se de repetir? Mas como é que a actividade poderia piorar ou melhorar se não variasse? Seria sempre igual. Desculpe mas isso é um perfeito disparate, fazendo minhas as suas palavras do post. Não conheço forma de avaliar a dinâmica de uma economia sem ser pela sua variação. Em logaritmos ou não.
Nuno,
não me quero meter na discussão com o Pedro.
Tenho só uma pequena dúvida sobre a sua frase
"Uma economia que cresce menos ou desacelera é pior que uma economia que cresce mais ou acelera. Não há volta a dar. Tudo o resto é mentira."
Prefere crescer menos à chinesa: passar de 10% de crescimento anual para 9%, ou crescer mais à portuguesa, passar e 1% para 2%?
De
Pedro Bom a 21 de Janeiro de 2008 às 18:21
Sobre a sua dúvida existencial, pois sobre o resto já me pronunciei. Ora essa, não me importo nada de repetir. Aqui vai: O que piorou foi a variação da actividade económica, não a actividade económica propriamente dita. Podia dar-lhe o exemplo de uma função logarítmica, como no título, se assumíssemos variações infinitesimais. Mas é melhor experimentar um exemplo mais simples: imagine uma economia com um PIB de 100 num determinado ano, 103 no ano seguinte, 106 dois anos depois, 109 três anos depois e por aí fora. O que me diz da actividade desta economia ao longo dos anos, que está a piorar ou a melhorar?
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