Este é um dos títulos da capa de hoje do DN, com o intuito óbvio de chocar e chamar a atenção.
1. Lá dentro a notícia começa com um sensacionalista "As vendas de carros voltaram a cair", dando como exemplo a queda de 2% nos automóveis ligeiros comparando Setembro de 2007 com Setembro de 2006. Ora uma variação de 2% numa variável de fluxo (é contada do zero cada mês) contabilizada em termos mensais, é algo literalmente insignificante. É como comparar a quantidade de chuva de hoje e a de 4 de Outubro de 2006 e concluir que o clima está a mudar porque hoje choveu mais.
2. Diz ainda o texto que houve uma antecipação das compras dos comerciais antes de Julho, devido a subidas fiscais! (Aposto que nenhum jornal referiu o enorme aumento das vendas, que deve ter havido em Junho, porque essa notícia não "vende"). Ou seja grande parte das compras que poderiam ter sido feitas nos meses a seguir a Junho foram antecipadas para antes de Julho, e assim não faz sentido comparar nenhum destes meses com o mês homólogo de 2006.
3. Há também a "crise" (expressão do DN) com uma queda de 55% nos pesados,... porque em Setembro de 2006 houve um aumento de vendas devido à introdução de novos motores! (Aposto também que nenhum jornal referiu na altura este aumento como um excelente sinal do crescimento económico). Mais uma vez não faz sentido comparar valores com Setembro de 2006.
4. Ficamos ainda a saber que o maior fatia de mercado (vendas a particulares) teve um aumento de 4,8%. Claro que isto não podia ser dito assim, por isso o DN decide acrescentar que "muitos recorreram a leasing", sem apresentar dados, nem fontes, nem dizendo se foram mais ou menos do que no passado.
5. Por último afirma que as expectativas não são muito "animadoras" para o sector, porque só se espera um aumento de 0,5% nas vendas. Leu bem, um aumento.
Pior que o sensacionalismo com que são tratados os dados, é o facto do próprio DN não se aperceber que os próprios dados que fornecesse contrariam o tom da notícia.