Há jornalistas que adoram inventar factos e de os estampar nos títulos, a partir de fontes totalmente absurdas e inseguras.
Recordo-me com uma grande risota de um jornal a meio da longa discussão sobre o túnel do Marquês em Lisboa, ter estampado na capa "Túnel considerado dos mais seguros da Europa". Quando se vasculhava lá dentro sobre a fonte de tal afirmação, descobria-se que tinha sido Santana Lopes, esse engenheiro de estruturas viárias de renome internacional, a afirmar que o túnel era dos mais seguros da Europa... sem nenhuma outra fonte.
Também ridículo foi um título numa capa há uns tempos que afirmava que as casas num dado local tinham se desvalorizado 50% devido à presença de cabos de alta tensão. O número era repetido então num título de uma página interior, e perdido no meio do texto vinha a rigorosa e fidedigna fonte de tão precisa estimativa: um morador local.
Hoje na RTP houve uma peça onde se dizia que as crianças que vivem nos circos trocam de escola 80 vezes por ano. Lá no meio da reportagem percebia-se qual era a fonte: uma menina que vivia num circo. Não é preciso ser um génio para perceber que a menina se estava a enganar. Seria necessário mudar de escola de 3 em 3 ou 4 em 4 dias, para tal ser possível... nem daria tempo para montar o circo!
O que está em causa não é se é 8 ou 80, mas a constante falta do mínimo de espírito crítico de quem supostamente é profissional de "informação".