Jaime Silva, Ministro da Agricultura e Pescas, foi ontem bastante claro sobre a polémica do aumento do preço do pão: (1) o aumento do preço em euros do trigo foi bastante inferior ao aumento do preço em dólares devido à valorização do euro face ao dólar, e (2) o custo da farinha é uma pequena parte do custo final do pão. Jaime Silva fala de uns meros 5 por cento, mas Carlos Santos, da ACIP, reclama 24 a 26 por cento. Muito bem, senhor Carlos Santos, mas, sendo assim, faça o favor de nos explicar porque razão precisa de aumentos. É que, com a tonelada de farinha a custar 450 euros, só com muito desperdício de matéria-prima pelo meio é que um hipotético (e intragável) pão feito de 40 gramas de farinha precisaria de 2 cêntimos dela. Se isto representasse 25% do seu custo, então este rondaria os 8 cêntimos. Acrescentando-lhe uma improvável (mas assaz choruda) taxa de lucro de 25%, o preço saltaria para os 10 cêntimos, preço que, por sinal, ronda o praticado actualmente. Ou seja, na tentativa desesperada de mostrar que afinal o preço da farinha conta, e muito, no preço final do pão, o senhor Carlos Santos mostra-nos que a indústria panificadora faz bons lucros e, por conseguinte, não precisa de aumentos coisíssima nenhuma. É cada tiro no pé...