O Telejornal de sexta-feira abre com a discrepância dos números da greve da função pública. Segundo José Rodrigues dos Santos, enquanto os sindicatos apontavam uma adesão na ordem dos 70%, o Governo estimava uns meros 5%. Mais à frente na peça, suficientemente à frente para os telespectadores se terem esquecido deste número, e após a entrevista ao Secretário de Estado da Administração Pública, ficamos a saber que o Governo afinal estimava uma adesão de 8,5%. Os 5% deverão ter vindo da diferença para 100% dos 95% de serviços públicos que, segundo o Governo, estiveram encerrados devido à greve. Cheguei a pensar que a RTP não soubesse a diferença entre adesão à greve e serviços encerrados, mas o repórter deixou bem claro na sua última intervenção que a adesão estimada pelo Governo rondava os 8,5%. Restam duas hipóteses: ou a RTP não sabe que 5 e 8,5 são números diferentes, ou sabe mas considera que a diferença é suficientemente pequena para os telespectadores não darem por ela e suficientemente grande para compensar em termos de impacto mediático. Pessoalmente, não descarto de todo a primeira, mas inclino-me mais para a segunda.