Governo paga novos empregos antes das eleições, diz hoje em grande a capa do Jornal de Negócios. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. Lá dentro, o texto explica afinal que...
As empresas que, nos primeiros meses de 2009, contratarem desempregados há mais de seis meses ou que coloquem no quadro trabalhadores até aos 30 anos que estão com contrato a prazo ou a recibos verdes ficarão isentas de contribuições para a Segurança Social durante três anos.
Algo como eu dizer à malta do Jornal de Negócios "eu pago uma jantarada ao pessoal todo", quando na realidade apenas os quero fazer ver que tenho um vale promocional que oferece dois ou três cafés no fim do jantar.
Caro Miguel Carvalho,
Não concordo com a avaliação que faz da manchete do Jornal de Negócios. Poderá dizer que avalio em causa própria o que, sendo um facto, espero não limitar a minha avaliação. Mais tarde farei umas contas... Para já defendo que o Governo, ou seja, nós contribuintes, está a pagar pela criação de empregos. O que diz no seu post é que não paga tudo, paga uma parte.
Cara Helena Garrido,
obrigado pela visita.
Mas a minha crítica é exactamente essa. O que está em causa é um desconto de uma pequena fração dos custos laborais para uma pequena fracção dos empregados. Mas o título dá a entender algo muito maior, daí a minha brincadeira com a jantarada.
Dito de outro modo, será que faria sentido dizer "Estado paga a empresários estrangeiros para abrir fábricas", quando os isenta de IRC durante um certo período (aqui sim, os valores em causa são bem maiores em quantidade e em percentagem)?
A própria palavra "pagar" parece-me desajustada. Sabemos que do ponto de vista económico "pagar" ou "isentar alguém de pagamento" é a mesma coisa, mas tem noção de que com a palavra "pagar" passa uma ideia bem diferente da que passaria com "isentar"... que é o que está em causa. O jornal poderia ter usado a palavra "isentar", e não o fez.
O tom do título (que apresenta esta medida como algo fora do vulgar) parece-me desproporcionado, porque (saberá melhor do que eu) este tipo de isenções estão presentes em todos os sectores da sociedade. Mesmo na criação de emprego tem sido usual o Estado contribuir em valores bem maiores.
Cumprimentos
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