No caderno de Economia do Expresso do último Sábado, e sob o título “Eles falham muito”, escrevem João Silvestre e Ana Sofia Santos o subtítulo “As projecções do Governo pecam por excesso de optimismo”. A certa altura é-nos dito que “no crescimento do produto interno bruto (PIB) há uma tendência para exagerar”. E passam a explicar: “na última década, apenas por quatro vezes as projecções do Governo inscritas no Orçamento foram ultrapassadas”. Ora, considerar 6 projecções erradas por excesso, num total de 10 possíveis, uma “tendência para exagerar” é já bastante abusivo.
Mas, se examinarmos a tabela onde nos convidam a “descobrir as diferenças” imediatamente descobrimos que duas daquelas seis projecções (para 1999 e 2004) se encontram na forma de intervalo de confiança, que em ambos os casos incluem o valor que realmente se veio a verificar. Bem, eu chamo a isto uma estimativa acertada.
Façamos então as contas. Em 10 projecções, 4 erraram por defeito, 4 erraram por excesso e duas acertaram. Mais, nos dois intervalos de confiança acertados o valor real veio a situar-se mais próximo do limite superior do que do inferior; ou seja, estivesse este intervalo na forma de estimativa pontual e o erro seria também por defeito, o que viraria o marcador para 6-4 a favor do excesso de pessimismo. Hum, cheira-me que nos jornalistas do Expresso existe uma certa... ai, como é que se diz?... isso, tendência para exagerar.
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