No decorrer deste post e a pedido do próprio Rui Peres Jorge, a sua resposta por email:
"Caro Carlos Lourenço,
Vamos por partes ao seu recente post “Embrulha” sobre a minha noticia de sexta-feira “30% dos novos empregos criados por Sócrates estão no estrangeiro” publicada no Jornal de Negócios:
- Não referência de fonte:
- Como poderia ter esclarecido com e-mail para mim ou com a compra do jornal são dados oficias do INE, pedidos e facultados pelo instituto, que garante cumprirem “os limiares de difusão em vigor no INE para o Inquérito ao Emprego”. O facto de não aparecer referência no texto que leu deve-se ao facto do que está no site (como fica claro com o “banner” lá incluído para esse efeito) serem apenas os dois primeiros parágrafos da notícia do jornal em papel. É, por isso, uma referência à existência da notícia no papel e não a notícia em si.
- Quanto à percentagem exacta que você calcula como 26,25% referindo que “No título escreve 30%, mas inicia o texto com 27%”.
- Na verdade são 26,82%. A divergência entre o título e o texto quanto aos 27% ou 30%, revela antes a preocupação com rigor. O título procura dar uma ordem de grandeza que é de depois refinada no texto. A peça em papel tem aliás os valores exactos de número de pessoas: são 35.860 (um crescimento de 27.482 no primeiro trimestre de 2005 para 63.342 no segundo deste ano, ou 130,5%) em 133.700, exactamente, 26,82%. Compreenda que escrever com valores arredondados, mas facultando também os valores exactos, é uma forma de facilitar a leitura permitindo não faltar ao rigor perante os que estiverem interessados no detalhe.
- Quanto ao facto de lhe parecer que “isto não passa de um grande disparate”:
- Não me cabe a mim saber se você é, como questiona no seu post, “a pessoa mais qualificada para analisar se é possível que os dados oficiais contabilizem o emprego da forma que sugere o jornalista (talvez portugueses que se mantenham como residentes em Portugal, mas que efectivamente não o sejam?)”. Uma vez que reconhece as suas limitações estranho que lhe pareça “que isto não passa de um grave disparate”. Questione o INE sobre a metodologia, que foi o que eu fiz. Aí obterá a resposta ao que lhe parece. Da minha parte tenho algum cuidado em não escrever grandes disparates.
Permita-me que diga que seu post serviu mais para desviar a atenção do essencial (a mais que duplicação do número de residentes a trabalhar no estrangeiro e o seu impacto na meta eleitoral) do que contribui para o rigor do jornalismo em Portugal.
Espero que por rigor e honestidade intelectual publique a minha resposta intitulada “embrulha o quê?” no vosso “blog”.
Melhores cumprimentos,
Rui Peres Jorge"
Nota: Quero apenas clarificar que os meus 26,25% se referem ao seguinte: na notícia online, logo no início, está escrito 27% dos 130 mil postos de trabalho, o que dá 35 100 residentes com trabalho no estrangeiro. Ora, se no site do INE era possível verificar que foram criados 133 700 postos de trabalho, então aqueles 35 100 corresponderiam a 26,25% de 133 700, estando portanto cada vez mais longe dos tais 30%.