Título na capa do SOL: Baixou o consumo de electricidade. (O bold é do próprio SOL)
Trata-se pela 1001ª vez do disparate de confundir subida mais lenta com uma descida. O texto explica que o consumo "vinha a crescer" 4% e o crescimento caiu para 1%.
Eu sei que é complicado perceber para quem não tem a 4ª classe, mas eu tento explicar. Quando do 100, se cresce 1%, passa-se para 101. E 101 é maior do que 100, logo cresceu. Qualquer dúvida, escrevam aqui para o blogue.
(post que esteve pendente por problemas no blogs.sapo)
Já não há paciência para isto*. Quando as coisas crescem, mas o pessoal está com vontade de fazer o gostinho do sensacionalismo e catastrofismo ao dedo, até uma desaceleração (que acontece aproximadamente em metade das medições) serve para fazer títulos negros.
Traduzido por miúdos, temos jornalistas que quando vêem algo a crescer de 1 para 2, e de 2 para 3, inventam aqui uma queda.
Nem a imprensa económica escapa. No Diário Económico de dia 20, temos num título "Itália** - Famílias com menos riqueza" (a aldrabice vem sempre no título). Mas no texto lê-se "a riqueza total dos agregados italianos cresceu 3,9% em 2007". Mais à frente ficamos a saber que a média do crescimento dos últimos anos foi de 6,2%, suponho que tenha sido a partir daqui que se inventou o decréscimo de riqueza do título.
* Este disparate é tão comum, que vou criar uma tag aqui para o blogue, vou chamar-lhe "123 é a subir"
** Felizmente para mim, a notícia não se refere a Portugal. Safo-me assim de reacções pavlovianas de quem, estando sedento de más notícias, confunde uma exigência de rigor com uma qualquer opinião política.
Hoje no DN, temos uma peça de Rudolfo Rebelo onde se lê no meio do texto que "os economistas esperam que a variação da economia se situe entre uma quebra de 0,1% e um ganho de 0,1%".
Seguindo a habitual regra sagrada, no parágrafo em destaque obviamente que só se refere o pior dos cenários: "Os analistas afirmam que a economia pode ter recuado 0,1% no terceiro trimestre".
Mas, claro, no título a coisa tem que ser ainda mais forte. Apesar de ser apenas uma estimativa, apesar de ela nem ser oficial, apesar de haver estimativas positivas e negativas, apesar de ser costume usar a palavra "recessão" apenas quando há dois trimestres com crescimento negativo (em cadeia) -e não apenas um como se passa neste caso, o título reza: "Economia já está em clima recessivo"!
Ainda outro destaque para a frase "Com o comércio externo em deterioração - as exportações estão em perda...". Não sei de onde é que isto vem. Não há referência à defesa desta tese por parte dos analistas, e os dados do INE que saíram esta semana indicam um crescimento de 2,9% das exportações.
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