Quinta-feira, 17 de Abril de 2008
O consumo subiu mas o investimento abrandou dizia há pouco a Radar. Bem sei que não é uma rádio propriamente de informação, mas mostra bem como o "abrandar" engana muita gente.
O que aconteceu foi que tanto o consumo como o investimento cresceram, só que o consumo cresceu mais do que já estava a crescer, e o investimento cresceu menos do que tinha crescido.
Quantos ouvintes / leitores / espectadores terão percebido que foi isto que realmente aconteceu?
Nota: como já escrevi a palavra "abrandar" não esta errada, mas muitas vezes transmite a ideia errada. Esta frase da Radar só prova isso.
Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2008
É impressionante como
abrandar pode significar tudo o que apetece aos jornalistas. Pela sua interpretação negativa tenho alguma dificuldade em entender o seu uso em casos de
melhorias mais lentas, como já aqui escrevi, mas enfim não está errado. Mas o caso de hoje do Público é novidade para mim.
Há uma melhoria mais rápida na variação homóloga anual dos dados trimestrais do desemprego, e o que é o Público lhe chama?
Abrandamento!
No último trimestre do ano passado, a taxa de desemprego demonstrou uma forte tendência de abrandamento, caindo quatro décimas em relação aos valores homólogos de 2006, para 7,8 por cento.Nota: Isto não contradiz o título pessimista da mesma notícia que está correctíssimo, que diz que o desemprego subiu, porque refere-se aos valores anuais e não aos trimestrais. E como sempre não devemos dar demasiada importância a valores referentes a períodos curtos quando há muita oscilação. Neste caso a descida de 0,4pp vem após uma subida de 0,5pp.
Nota 2: Não me perguntem o que é que "abrandar" significa matematicamente, porque de facto a palavra presta-se a várias interpretações. A minha sugestão era simplesmente não usá-la exactamente por esta incerteza. Agora neste caso específico o que eu (e um amigo que por acaso até é economista do trabalho) tiro da frase é que o desemprego não se agravou tanto, e não foi isso que aconteceu.