Sexta-feira, 17 de Outubro de 2008
Há estudos que deixam dúvidas quanto à representatividade das amostras (o elemento por ventura mais importante em amostragem, face à dificuldade de, na prática, garantir a aleatoriedade), sobre as quais se baseiam para retirar conclusões sobre a população.
Mas e se uma notícia sobre um estudo revelar que a amostra não é representativa? É o que acontece no Público de hoje, na notícia (com honras de 1ª página) "Quem mais sabe sobre sexo, mais tarde inicia as relações".
Segundo se pode ler no texto, "a amostra foi de 2621 alunos de 63 escolas secundárias de vários pontos do país, com idades que andam entre os 15 e os 19 anos, (...) mas que não é representativa desta população a nível nacional." Sim, é isto que está lá escrito.
Então o que valem a notícia, a sugestão de causalidade que é feita - conhecimentos sexuais e consequente iniciação sexual - e a generalização para a população portuguesa?
Terça-feira, 22 de Janeiro de 2008
O Diário Digital escreve hoje
"Estudo: Portugueses têm das pensões mais baixas da Europa", referindo-se a um Estudo da
AXA. Ora basta abrir a página da AXA para ver que o estudo não tem uma amostra exaustiva nem representativa da Europa. Ou basta ler a frase "
Portugal é o país europeu com as pensões mais baixas, a seguir à Hungria e à República Checa" da notícia para concluir que falta ali muita coisa.
Um exemplo: usando como amostra Portugal, Bielorrússia, Estónia, Moldávia, Roménia, Sérvia, Bósnia, Croácia, Bulgária, etc... o DD iria concluir em grande estilo algo como "Portugal tem pensões
três vezes maiores que a média europeia".
Se a amostra for Portugal, Suiça, Suécia, Irlanda, Noruega, Holanda, Luxemburgo, etc... a conclusão teria que ser "Portugal tem pensões a
metade da média europeia".
Ora até um miúdo de 10 anos sabe que ambas não podem estar correctas ao mesmo tempo, ou parafraseando o imaginário moço, "
os senhores do Diário Digital são uns aldrabões".
Sábado, 1 de Dezembro de 2007
Não tenho dados logo não vou comentar os números, quero apenas comentar algo dito por uma líder sindical (não registei o nome). Dizia ela sobre os números do governos, que estes se baseavam apenas em 1200 funcionários, logo não era sério porque os funcionários são 700 mil.
Ora com certeza que isto é sério. É isso que se faz nas sondagens, nos estudos de mercado, nos estudos de opinião, nos estudos económicos, é o que faz o EuroStat, o INE, etc... chama-se amostragem. De um número reduzido extrapolou-se os valores totais. Descontando as eleições e os censos nacionais, não existe mais nenhum estudo que englobe a totalidade da população em causa.
O que não é correcto, é extrapolar valores quando a amostra não é representativa da população. Mas quanto à amostra em causa nada sei, nem pareceu preocupar a sindicalista.