Aquando do último relatório do Eurostat sobre comércio, escrevi este post onde mostrava a dualidade de critérios do Público. Quando há uma má notícia publica-se, quando há exactamente a mesma (na realidade até era melhor naquele exemplo!) mas em versão positiva, omite-se.
Hoje saiu mais um relatório que é, por sorte minha, exactamente o oposto do último. Entre os países mencionados, Portugal teve o segundo melhor comportamento (segundo pior há um mês) e o melhor em absoluto na Zona Euro (pior absoluto há um mês).
O título e parágrafo inicial no Diário Digital há um mês:
As vendas no sector de retalho nacional caíram 6,9%, em Dezembro do ano passado, a segunda quebra mais forte no conjunto da União Europeia, indicam dados preliminares do Eurostat esta quarta-feira.
Hoje:
As vendas no sector de comércio a retalho cresceram 0,6%, em Janeiro, no conjunto da União Europeia (+0,1% na zona euro), face a Dezembro de 2008, revelou o Eurostat esta sexta-feira.
Na RTP online há um mês, havia o título :
Vendas a retalho caíram quase 7% em Dezembro- Eurostat
Hoje: Pevas
Público há um mês, tinha o título:
Vendas a retalho de Dezembro recuam em Portugal mas estabilizam na Zona Euro.
Hoje: Pevas
O título da RTP não dava ênfase à posição relativa de Portugal, apenas ao nível, mas o mesmo não se passava com o texto. Hoje o oposto não mereceu referência. O Público foi muito claro ao comparar Portugal com a Zona Euro, mas hoje que teria a novidade oposta não mereceu notícia. Mas o prémio vai para o Diário Digital. Em ambos os casos teve notícia, no primeiro insistiu na comparação, e hoje nem piou no destaque.
Ontem em conversa com o Pedro Bom comentava que era complicado ser totalmente objectivo (como tentamos sempre ser) na análise dos critérios editoriais. Tenho alguma pena, porque a leve preferenciazinha pela desgraça dos media é uma óbvia causa de deturpação da informação passada. Não nos cabe de modo algum julgar as escolhas editoriais (entre focar um roubo na Ponte da Três Entradas ou uma cimeira internacional), mas cabe-nos avaliar objectivamente se a informação é distorcida.
Hoje caiu-me uma prenda no colo. O Eurostat disse que Portugal teve a segunda maior quebras das vendas a retalho na UE27 em termos de variação mensal, e se descontarmos 11* dos 27 focando-nos na Zona Euro, Portugal tem a pior quebra. O Púbico diz (e bem) em título
Vendas a retalho de Dezembro recuam em Portugal mas estabilizam na Zona Euro.
Há 5 meses saiu um relatório igualzinho do Eurostat, dizendo que Portugal tinha tido a maior subida das vendas a retalho (também em termos mensais), não só na Zona Euro como na UE27. O Público escolhia então para título online
Consumo, investimento e exportações, todos em queda na Zona Euro
sem menção alguma a Portugal no texto, e para título no jornal
Consumidores pessimistas travaram a economia europeia
Consumo privado na zona euro registou no segundo trimestre a taxa de crescimento mais baixa dos últimos doze anos
mais uma vez sem qualquer menção a Portugal.
* Na realide deve descontar-se 12, porque em Dezembro a Zona Euro consistia apenas de 15 países.
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