Pudera, tem muito mais gente!!
O raciocínio é demasiado complexo para o Expresso e o Diário Digital que têm esta pérolas:
Portugal: 5º maior défice comercial da UE
Zona Euro: Portugal regista 5º défice comercial mais alto
com a agravante do Diário Digital não saber contar (Portugal está em 4º) ou achar que o Reino Unido faz parte da zona Euro. Ter o 5º maior défice comercial nada nos informa sobre o estado do dito cujo, porque é preciso compará-lo com o PIB de cada país. Tal como é preciso comparar o número de criminosos com o tamanho da população.
A situação é melhor ou pior do que aquilo que os títulos dão a entender? Não sei, não vi os dados, e quem é suposto informar-nos também não.
O blogue está cheio da habitual confusão entre fluxo e stock, posição e velocidade, alteração e nível.
Quando o desemprego está alto, isso não implica que tenha havido uma grande subida. Pode passar de 10% para 10.1%. Subida mínima.
Quando há uma grande subida, não implica que o desemprego esteja alto. Pode subir de 2% para 4%, mas 4% ainda é baixo.
Parece claro não parece?
Não para o Diário Digital:
A CGTP defendeu hoje que o aumento da taxa de desemprego no segundo trimestre levou o desemprego ao «o valor mais elevado registado desde o 25 de Abril» em Portugal.
Expresso, Público, Diário Digital (e certamente muitos outros que não verifiquei), todos transcrevem a notícia da Lusa a propósito do estudo da OCDE sobre desigualdade de repartição de rendimentos:
"Os autores do estudo colocam a Dinamarca e a Suécia à frente dos países mais justos, com um coeficiente de 0,32, e o México no topo da tabela dos mais injustos (0,47), seguido da Turquia (0,42) e de Portugal e dos Estados Unidos (ambos com 0,23)."
Não faço ideia onde foram buscar estes números, mas eu fui aos dados do relatório e verifiquei que a ordem de desigualdade (usando o índice de Gini) está, de facto, correcta, mas os números são (quase) todos diferentes: Dinamarca e Suécia (de facto, e como seria de esperar, no fim da tabela) têm 0.23 (e não 0.32), México (no topo) tem 0.47 (este está certo), Turquia tem 0.43 (e não 0.42), Portugal tem 0.39 (e não 0.23) e USA tem um pouco menos, 0.38 (e não 0.23).
Pequenos erros de transcrição são perfeitamente normais, não é isso que distingue o bom e o mau jornalismo, mas será que ninguém reparou que, com 0.23, Portugal e USA seriam mais "justos" do que Suécia e Dinamarca, se estes tivessem 0.32? Público, Expresso, Diário Digital e sei lá quem mais, todos transcreveram a notícia e ninguém reparou no óbvio? Ou nem sequer leram?
Portugal entre os cinco da UE com desemprego mais elevado, diz o Diário Digital. O que se passa é que Portugal tem a quinta taxa de desemprego mais alto. Por acaso está empatado numericamente com a Polónia, havendo por isso até a possibilidade de nem estar nos cinco primeiros e de ser apenas o sexto, mas isso já era pedir rigor a mais.
A questão é, porquê dizer "entre os cinco primeiros" e não apenas "o quinto"? Até ocupa menos espaço (um argumento que já aqui alguém deixou para justificar os títulos enganadores)!
Assim fica sempre aquela dúvida no ar, está nos cinco primeiros mas não se sabe bem qual deles é. Pode ser o primeiro, pode ser o quinto... O sensacionalismo habitual.
Impostos: Portugal tem décimos IRC e IRS mais altos da UE, diz o DD.
A questão é que este ranking não é feito com os impostos médios cobrados. É feito sim com escalão mais alto dentro de cada imposto. Não sei como é o caso do IRC, mas no IRS apenas uma pequena fracção de portugueses paga 42%. Não faz pois sentido pegar neste valor como representativo para a realidade nacional. É como dizer que os portugueses são mais altos que os suecos, porque o português mais alto de todos é maior que sueco mais alto.
Se formos analisar o valor médio da taxa fiscal implícita, chegamos à conclusão que só há 4 países com IRS inferior a Portugal! Algo bem longe do que a notícia faz crer.
Aproveito o relatório do Eurostat para acabar com outro mito que aparece constantemente na nossa imprensa, na boca de muitos políticos e comentadores, o mito de que os impostos em Espanha são mais baixos do que em Portugal. Pois bem, a carga fiscal em percentagem do PIB - o modo correcto de aferir o peso fiscal - na economia é mais baixa em Portugal! (A diferença é miníma, mas contrária ao mito).
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