Chamada de atenção do leitor MCP
Destak de hoje:
Manchete: Violência nas estradas aumenta
Lead: (...) Segundo um especialista contactado pelo Destak, as frustrações profissionais e económicas estão a tornar os condutores mais agressivos.
Texto principal: [Trata-se de um texto com exemplos concretos de violência nas estradas. Diz apenas a certa altura:] (...) Se juntarmos à hora de ponta os nervos à flor da pele ou a crise financeira mundial, pode imaginar-se quais são as palavras evocadas pelos condutores (...).
Caixa: Apesar de não existirem dados estatísticos que mostrem que a violência nas estradas tem vindo a aumentar, a verdade é que este tipo de comportamentos «é mais frequente com o stress, o aumento de carros na estrada, o trânsito e a frustração profissional e económica, factores característicos do nosso tempo». (...) diz ao Destak o psicólogo Carlos Lopes Pires.
(sublinhados meus)
Comentário meu: não contente com fazer uma afirmação para a qual não apresenta uma única prova ou indício, a Patrícia Susano Ferreira foi ainda deturpar o que o psicólogo disse em vários aspectos. (Só por curiosidade o trânsito até tem diminuido nos últimos tempos)
O Destak também entra na moda de confundir entradas (ou saídas) com o saldo de entradas e saídas no mercado de trabalho, neste caso no grupo dos desempregados. Na capa hoje em grande 225 novos desempregados por dia. Segundo "contas" do Destak houve 7000 trabalhadores que foram despedidas em Janeiro. Ora aqui ficam dois exercícios muito avançados de matemática:
1) Houve 10 pessoas despedidas e nenhuma contratada. Quantos desempregados novos há? Resposta: 10
2) Houve 10 pessoas despedidas e 4 contratadas. Quantos desempregados novos há? Resposta: 6
(Se pertence ao corpo editorial do Destak e ainda não percebeu esta resposta, envie um e-mail que nós explicamos mais devagarinho).
Para não beliscar a fama dos jornais gratuitos, o disparate ainda aumenta lá para dentro:
Ao longo dos 31 dias de Janeiro deste ano, 7 mil trabalhadores foram despedidos ou viram os seus postos de trabalho ameaçados*... Então mas, chamar na capa e em letras garrafais "desempregado" a uma pessoa que não foi despedida não será, digamos, uma impostura? Se calhar sou só eu...
* Mais tarde notei que esta frase também consta da capa, em letras pequenas. De qualquer modo isso não invalida a minha crítica
"No terceiro trimestre tivémos [sic Público] um crescimento negativo. É possível que no quarto trimestre [Portugal] também tenha um crescimento negativo" disse ontem Vítor Constâncio. Ou seja, há a possibilidade de as coisas ficarem na mesma (ou piorarem) em termos de crescimento. É impressionante como os pasquins gratuitos foram capazes de deturpar esta frase.
Recessão bate à porta, diz o Global em grande na capa.
Recessão à vista para Portugal, "informa" o Metro.
Recessão vai chegar no fim do ano, diz o Destak também em grande.
O Metro, apesar de ter o título menos aldrabado, consegue compensar a coisa com um subtítulo vergonhosamente enganador: Os dados económicos divulgados pelo INE indicam que não iremos escapar à tendência global.
O Público também fabricou uma notícia à volta desta frase de Constâncio. Depois de uma primeira notícia, onde se dizia que Vitor Constâncio tinha sublinhado que não havia "recessão técnica" (o que é óbvio e indiscutível), quando apareceu aquela frase, tivemos o Público a afirmar Vítor Constâncio admite, afinal, recessão técnica no final deste mês, insinuando que havia um recuo ou contradição, quando na realidade estavam em causa apenas duas coisas perfeitamente simples e compatíveis. Primeiro, houve um trimestre de crescimento negativo, e segundo, pode vir aí outro.
Por último, o incansável Rudolfo Rebêlo escreve no DN que Portugal já vive em recessão técnica, após o INE divulgar a quebra da economia no terceiro trimestre. Para este ano, o Banco de Portugal prevê um crescimento de 0,5% da economia, o que implica para o quarto trimestre um recuo de 0,3% em relação aos meses de Julho a Setembro. Ou seja, mistura-se dados reais com previsões, mistura-se dados de fontes diferentes, pega-se num 0,5% e sabe-se lá mais o quê para chegar a 0,3%...
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