Na terça-feira, São José Almeida e Maria José Oliveira escrevem no Público, “Canção dos Xutos transformada em manifesto contra Sócrates”.
Diz-se aqui que os portugueses são "campeões europeus em portáteis". Primeiro, temos o abuso do costume: fala-se em campeões da Europa no título mas lemos mais umas linhas e percebemos que afinal apenas países da Europa Ocidental foram considerados no estudo (sem especificar quantos, mas podemos confirmar aqui que são apenas 16).
Segundo, e bem mais grave, temos a conclusão abusiva: os portugueses são campeões em portáteis não porque possuem ou compram mais portáteis (em termos absolutos ou per capita) do que os outros 15 países da Europa Ocidental (até podem ter, mas o artigo não o discute), mas simplesmente porque a proporção de portáteis no total de PCs é a maior (81%).
Imaginem agora o que teria escrito o Expresso se afinal um dos outros 15 países tivesse um mísero portátil para toda a população (100 por cento do tal de PCs, portanto): "portugueses vice-campeões europeus em portáteis". Pois...
No caderno de Economia do Expresso do último Sábado, e sob o título “Eles falham muito”, escrevem João Silvestre e Ana Sofia Santos o subtítulo “As projecções do Governo pecam por excesso de optimismo”. A certa altura é-nos dito que “no crescimento do produto interno bruto (PIB) há uma tendência para exagerar”. E passam a explicar: “na última década, apenas por quatro vezes as projecções do Governo inscritas no Orçamento foram ultrapassadas”. Ora, considerar 6 projecções erradas por excesso, num total de 10 possíveis, uma “tendência para exagerar” é já bastante abusivo.
Mas, se examinarmos a tabela onde nos convidam a “descobrir as diferenças” imediatamente descobrimos que duas daquelas seis projecções (para 1999 e 2004) se encontram na forma de intervalo de confiança, que em ambos os casos incluem o valor que realmente se veio a verificar. Bem, eu chamo a isto uma estimativa acertada.
Façamos então as contas. Em 10 projecções, 4 erraram por defeito, 4 erraram por excesso e duas acertaram. Mais, nos dois intervalos de confiança acertados o valor real veio a situar-se mais próximo do limite superior do que do inferior; ou seja, estivesse este intervalo na forma de estimativa pontual e o erro seria também por defeito, o que viraria o marcador para 6-4 a favor do excesso de pessimismo. Hum, cheira-me que nos jornalistas do Expresso existe uma certa... ai, como é que se diz?... isso, tendência para exagerar.
correio da manhã(13)
desemprego(15)
diário digital(24)
dn(82)
economia(65)
estatísticas(22)
expresso(26)
inflação(13)
lusa(15)
matemática(12)
percentagens(26)
público(102)
publico(9)
rigor(9)
rtp(20)
rudolfo(16)
salários(10)
sensacionalismo(135)
sic(11)
Blogs catadores
Médico explica medicina a intelectuais
Blogs sobre Jornalismo
Blogs sobre Economia
Blogs sobre Sondagens
Fontes Fidedignas