Terça-feira, 8 de Janeiro de 2008

Tiro-te hoje e dou-te amanhã, logo ficas a ganhar

O governo tomou a decisão de adiar o aumento das pensões de Dezembro para Janeiro, distribuindo por isso o aumento que os pensionista estavam habituados a receber em Dezembro, pelas 14 prestações de 2008 de modo a compensar o atraso. Embora seja verdade que isto beneficiará os pensionista daqui um ano porque a base de referência para os aumentos de 2009 será maior, não tem pés nem cabeça vir dizer, como faz o secretário de Estado da Segurança Social Pedro Marques, que assim os pensionistas não perdem poder de compra de 2007 para 2008 - em oposição à possibilidade de terem recebido esse aumento em Dezembro o que levaria a uma perda do poder de compra.
Nas duas hipóteses os pensionistas recebem exactamente o mesmo dinheiro (nominalmente, porque se pensarmos em termos reais ainda teremos mais um argumento contra este disparate), logo daí é estranho que numa haja uma perda e noutra um ganho. Se pensarmos num caso extremo, no caso em que os pensionistas tivessem recebido ZERO em Dezembro, e a (dupla) pensão de Dezembro fosse distribuída ao longo de 2008, então teríamos segundo Pedro Marques um "enorme aumento do poder de compra".
Resumindo, tiro-te em 2007 para te dar em 2008 e assim terás um aumento de um ano para o outro.

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publicado por Miguel Carvalho às 15:02
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Domingo, 16 de Dezembro de 2007

Disparate institucionalizado

Segundo uma investigação profunda a que tivemos acesso ainda há pelos menos três pessoas em Portugal que acreditam nas previsões avançadas pelos governos para a inflação média anual.

Previsão do Orçamento face a Inflação Real (tirada do Correio da Manhã)
1998 – 2,0% / 2,8%
1999 – 2,0% / 2,3%
2000 – 2,0% / 2,9%
2001 – 2,8% / 4,4%
2002 – 2,75% / 3,6%
2003 – 2,5% - 3,3%
2004 – 2,0% / 2,4%
2005 – 2,0% / 2,3%
2006 – 2,2% / 2,3%
2007 – 2,1% / 2,4%

(Já agora um pequeno comentário ao que é feito na notícia, que para chegar ao salário médio mensal em Portugal divide o salário médio anual por 14. De facto é prática comum os portugueses receberem o salário 14 vezes por ano, e é a esse catorze avo que as pessoas se referem quando falam no seu salário. Ou seja nada a apontar. Mas ao compararmos com salários no resto da Europa, o nosso já é suficientemente baixo e não precisamos de sacrificá-lo ao dividi-lo por 14. Em termos estatísticos a divisão por 12 é que é correcta.. Ainda é um aumento de 17%, de 840 para 980 no caso do salário médio.)

Adenda: (16 Janeiro) ao escrever outro post, notei que aquela tabela está errada. Em 2006, a inflação prevista no OE era de 2,3%. E agora sabe-se que a inflação de 2007 foi de 2,5%.
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publicado por Miguel Carvalho às 01:09
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Segunda-feira, 5 de Novembro de 2007

Valor nominal ou real, per capita ou agregado, absoluto ou percentagem do PIB

Há um problema muito comum na discussão de números que é a enorme quantidade de maneiras em que eles podem ser apresentados. Mesmo quando falamos da mesma estatística, o título mostra que ela pode vir em sabores diferentes. O governo e a oposição são peritos em escolher a forma que mais lhes convém. Como exemplo, e dou este porque é particularmente irritante pela falta de honestidade intelectual, o PSD insiste (insistia ?) em falar da despesa pública em termos nominais e absolutos, quando só faz sentido falar nela em termos de % de PIB.
O disparate que me leva a escrever este post, já há muito tempo queria catar mas faltava-me uma fonte com o texto literal. Trata-se da afirmação do Governo e do PS que o aumento da parte das pensões que é colectável em sede de IRS sobe apenas 100€. Isto porque o imposto passa a ser contabilizado a partir dos 6000€/mês em vez dos 6100€. Diz Afonso Candal na Sábado de 31 de Outubro que "há 100€ que passam a ser sujeitos a tributação".
Ora há uma coisa chamada inflação, logo os 6100€ de 2007 não são 6100€ de 2008. Usando a inflação prevista pelo Governo (2,1%) temos uma alteração da base colectável de 6228€ para 6000€. Ou seja um aumento que é mais do dobro do que aquilo que o Governo defende.
publicado por Miguel Carvalho às 15:38
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