Não querendo pensar, mais uma vez, que algum jornalismo em Portugal tenta ainda aproveitar-se da naftalina, de fantasmas e de preconceitos da época salazarista, e, sobretudo, não querendo discutir se interessa saber os bitates sociológicos de um defunto sobre todo um povo, resta-me indagar sobre o que, numa notícia, pode ser lenda, mito, rumor, boato, ou verdade.
Escangalho-me a rir por saber que Franco, segundo nos conta, via DN, o médico Ramiro Rivera que acompanhou o ditador espanhol na sua doença, “na maior parte do tempo se encontrava incapaz de falar e que os quatro médicos que o atendiam pouco mais lhe conseguiam ouvir do que monossílabos [palavras tipo 'não', 'sim', 'ai', 'ui', etc]”, mas que, de repente, vomita, nada mais nada menos, que 18 sílabas seguidas!
Hercúleo esforco, não para pedir um copo de água, um analgésico, uma extrema unção, ou para um queixume, mas para vociferar “não acredito nisso [que em Portugal, após a revolução de 25 de Abril de 74, se fosse “armar uma grande confusão e correr muito sangue”], os portugueses são muito cobardes”.