Terça-feira, 4 de Dezembro de 2007

Um PISA para os jornalistas, por favor!

Foram hoje divulgados os resultados do PISA (Programme for International Student Assessment) da OCDE, onde houve uma subida em todos os principais níveis dos valores de Portugal. A nossa imprensa além de falta de capacidade de análise, não refere obviamente isso, optando por relembrar os maus resultados.

A notícia do DD começa com um título bota-abaixista com "OCDE: alunos portugueses com conhecimentos abaixo da média - Os alunos portugueses de 15 anos estão abaixo da média dos seus colegas da OCDE a nível de conhecimentos científicos, literacia e matemática."

Mais à frente, "este ano com incidência em particular nas ciências, o PISA conclui que esta é uma área em que os alunos portugueses subiram ligeiramente os seus conhecimentos, embora continuem, ainda assim, muito abaixo dos 57 países analisados. Portugal conquistou apenas a 37. ª posição do ranking."
1. No último estudo (2003) Portugal estava em 27º em 30 países, agora estamos em 37º em 57 países, e isto é uma "subida ligeira"? (Claro que para ser sério deveríamos entrar em conta com os países que passaram a ser incluídos, mas estou apenas a pegar nos mesmos dados que os jornalistas pegaram).
2. Continua abaixo dos 57 países analisados? Como assim? Ficámos em 58º? Ficámos de fora da escala? Então mas estamos em 37º, não ficamos atrás de 57.
3. Assumindo que queriam dizer "abaixo da média dos 57" - já que mais à frente há uma comparação com a média noutro tema - será que os senhores jornalistas não sabem que ficar na segunda metade do ranking não significa ficar abaixo da média? Vão aprender um bocadinho sobre mediana e média. Na realidade Portugal ficou realmente abaixo da média, mas isto não se pode depreender do ranking como o texto faz.
4. Não focando então no ranking, mas na pontuação entre países da OCDE (para termos uma população de comparação fixa) o hiato baixou de 32 para 17 pontos!

"No que toca à literacia, os resultados são ainda piores, já que o desempenho dos estudantes de 15 anos fica ainda mais abaixo da média dos países analisados."


De 24º em 30 para 32º em 57. O hiato da pontuação para a média da OCDE (ou seja amostra fixa) também diminui (ou seja uma melhoria).


"Na matemática, embora o cenário não seja mais animador, há a destacar uma establização dos números comparando com 2003."


Também aqui passámos de 27º em 30 para 37º em 57, e o hiato em pontos diminui. Estabilização de quê?
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publicado por Miguel Carvalho às 11:40
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