Anunciada na primeira página e ocupando uma página inteira no interior, o Público diz fazer uma análise a pente-fino das declarações do primeiro-ministro no Natal. Fico obviamente e sinceramente contente por este ataque de espírito de rigor que passou pelo Rua Viriato e espero que ele não seja passageiro.
O mais impressionante é que apesar de ocupar uma página inteira, o Público só descobre um único erro, e mesmo esse é de um preciosismo tal que nem aqui no blogue dedicado aos preciosismos teria tido destaque. Sócrates diz que em 2007 houve mais 17% de estudantes no ensino superior, quando o que aconteceu na realidade foi que o número de novos estudantes no ensino superior teve um aumento de 17%.
O resto da notícia supostamente factual, imparcial e objectiva é dedicada a contrariar o cenário cor-de-rosa dos números de Sócrates, em tom de crónica de opinião, isto é subjectiva e parcial. As afirmações não são contrariados e desmontados como aqui se faz e como deve ser feito por um jornalismo de rigor, mas recebe comentários subjectivos laterais. Por exemplo ao valor anunciado do emprego líquido criado, ele não é posto em causa, é apenas apontado que uma enorme parte desta criação se deve a contratos temporários. E assim se faz jornalismo de "rigor"...
Vamos ver se este rigor se mantém e é aplicado às notícias dadas pelo jornal.