A propósito das últimas estatísticas sobre a pobreza, tem-se dado a entender que os assalariados com salários mais baixos são cada vez mais pobres, como é feito
aqui. Até se tem usado a expressão de "novos pobres", como se de uma nova classe social se tratasse.
É preciso dizer que a definição de pobreza não é um conceito estático. O limiar de pobreza está ligado à mediana da distribuição de rendimentos. Logo a mesma capacidade de compra (ou rendimento real) em 1997 poderia estar acima do limiar mas estar agora abaixo, porque o rendimento mediano (e o médio também) subiu nestes últimos 10 anos.
Só deste ponto de vista é que pode ser dito que há "novos pobres", ou seja em rendimento real relativo em relação ao resto da população, e não em termos de poder de compra.
Não há portanto aqui dados que indiquem
que os assalariados tenham mais dificuldades hoje do que há uns anos. Por exemplo o salário mínimo nacional não tem perdido poder de compra.
(Mais uma vez sublinho, este
não é um blogue de opinião, e eu
não estou a defender que o cenário é cor-de-rosa
nem a dizer que a situação é justa).