Quarta-feira, 18 de Março de 2009

Ena, o Governo é um mãos largas!

Famílias com desempregados vão ter redução de 50 por cento na prestação da casa dizem a RTP e o Público. Menos 50 por cento no empréstimo à habitação, anuncia Sócrates no debate quinzenal diz o Diário IOL.

Impressionante, que ajuda fantástica!

Mas nos textos aparece uma expressão curiosa: "moratória nas prestações de crédito à habitação". Segundo o dicionário, moratória é uma dilação de prazo para pagamento de uma dívida. Ou seja, hoje pago 50 em vez de 100, mas mais cedo ou mais tarde vou ter que pagar os 50 que faltam. E a isto chamam os jornais uma redução... Estou a imaginar o Pingo Doce a anunciar "Redução de 50% nas alcachofras em lata", mas na caixa dizem-nos "para a semana paga o resto, 'tá bem?"

 

Adenda: claro que no período em causa há uma redução, mas ela é temporária e não absoluta como os título dão a entender. Basta ler os comentários às notícias para perceber que foi assim que os leitores interpretaram.

publicado por Miguel Carvalho às 17:11
link | comentar | ver comentários (6) | favorito
Terça-feira, 16 de Dezembro de 2008

Trabalhar cansa

A taxa de inflação atingiu o valor mais baixo dos últimos dois anos, dizia-se no Telejornal da RTP, citação (actualizada) literal.

Será que há 2 anos era inferior? Não!

A questão é que o relatório de hoje do INE só tem uma tabela com os últimos 2 anos!

 

Se o jornalista se desse ao trabalho de ir ver a página do INE, verificaria que não há nenhum valor inferior para a inflação nos dados que lá existem, ou seja desde 2002. Algo como 1 minuto de trabalho.

(Se a notícia fosse negativa, lá se diria que foi a "pior inflação de sempre", sendo que o "sempre" normalmente significa "até à data a que me dei o trabalho de verificar". Exemplos disso não faltam aqui no blog.)

 

Se o jornalista se desse ao trabalho de verificar o Eurostat (que só tem o HIPC, um índice muito próximo, mas diferente do IPC), verificaria que só em 1998 houve uma taxa de inflação inferior. Outro penoso minuto de trabalho.

 

Pondo a questão de outra forma, se não foi verificado o valor mínimo (e eu não estou de modo nenhum a dizer que deveria ter sido feito), por que é foi inventado aquele pormenor do "mínimo desde há dois anos"?

 

Principais Tags: , ,
publicado por Miguel Carvalho às 20:20
link | comentar | ver comentários (3) | favorito
Terça-feira, 15 de Julho de 2008

A velha confusão de sempre

A inflação é a variação dos preços, não é uma média/índice de preços. Tal como a velocidade é a variação da nossa posição. Eu posso ir a 140km/h e abrandar para os 120km/h que não deixo de me afastar do meu ponto de partida. Assim a inflação pode subir e descer, mas desde que seja positiva, os preços estão sempre a subir.

No Telejornal da RTP de ontem dizia-se "os preços voltaram a subir, atingiram o valor mais elevado desde há dois anos", querendo com isto dizer que há dois anos ainda estavam mais altos. Ora isto não é verdade, em termos homólogos os preços nunca pararam de subir e em termos mensais creio que houve uma ou duas excepções. A taxa de inflação, essa sim, está ao nível mais alto desde há dois anos.

Principais Tags: , ,
publicado por Miguel Carvalho às 16:02
link | comentar | ver comentários (5) | favorito
Quarta-feira, 18 de Junho de 2008

O dióxido de carbono que é amigo do ambiente

Paulo Jerónimo dizia ontem na RTP que o novo automóvel a hidrogénio apenas emite vapor de água, e que portanto não prejudica o ambiente. Ora o hidrogénio não aparece no tanque por magia, é necessário produzi-lo por hidrólise, o que implica um custo grande de energia eléctrica.

 

Coloco assim algumas questões:

- Nenhum dos electrodomésticos que tenho aqui em casa emitem seja o que for. Será que esbanjar electricidade "não prejudica o ambiente"?

- Por que será que há tanta campanha ambiental para poupar energia, para trocar as lâmpadas antigas por umas economizadoras?

 

O Público diz mesmo que em termos de emissões de carbono, o novo automóvel até pode ser pior. Eu certamente não sei se é mais se é menos, apenas sei uma coisa: emissão zero como o Paulo diz, não é de certeza.

Principais Tags: ,
publicado por Miguel Carvalho às 16:29
link | comentar | ver comentários (1) | favorito
Sexta-feira, 6 de Junho de 2008

Números da greve

Os maquinistas da CP estão a fazer uma greve às horas extraordinárias, afirmando os sindicatos que a adesão está próxima dos 100%. A RTP dizia agora que os números da empresa contrariavam este sucesso. Até aqui tudo bem, e tudo habitual.

Como "prova" contra os números dos sindicatos, a RTP mostrava em directo os comboios a funcionar na estação do Rossio e dizia que dos 500 e tal comboios planeados apenas 30 e tal tinham sido cancelados.

Provavelmente a RTP não está a par da definição de uma "greve às horas extraordinárias", por isso eu explico. De acordo com o contrato, o trabalhador deve trabalhar - por exemplo - 40 horas, mas na realidade o empregador põe-no a trabalhar 45 horas, mais cinco do que o acordado. Greve às horas extraordinárias significa não trabalhar nessas 5=45-40 horas. Logo uma adesão de 100%  implica que apenas uma pequena fracção (11,11% como diria um jornalista "rigoroso") do funcionamento é afectado.

Principais Tags: , ,
publicado por Miguel Carvalho às 13:11
link | comentar | favorito
Quarta-feira, 4 de Junho de 2008

O que a falta de calor faz às pessoas

Para os lados da Marechal Gomes da Costa, as saudades do calor são tantas que Alexandre Brito resolveu alterar "ligeiramente" as informações que lhe foram dadas pelo Instituto de Meteorologia. O Presidente do Instituto de Meteorologia disse à Antena 1 que "Temos efectivamente uma probabilidade de o Verão ser ligeiramente superior, em termos de temperatura, à média dos últimos 25 anos". E o que é a RTP resolve escrever no título? "Este Verão poderá ser o mais quente dos últimos 25 anos". Eu diria que sim, é verdade. Pode ser que sim. Mas, sendo que a informação que lhe foi prestada era que a temperatura deste Verão poderia ser LIGEIRAMENTE superior à Média dos últimos anos, eu não teria muitas esperanças.

Principais Tags: , ,
publicado por Nuno Matela às 09:44
link | comentar | ver comentários (3) | favorito
Terça-feira, 13 de Maio de 2008

"Nós fizemos as contas" diz ela

A propósito de uma subida de 3 cêntimos no preço da gasolina, uma jornalista dizia há pouco no Telejornal que "nós fizemos as contas".

Suspense....

"Encher um tanque com 50 litros vai custar mais 2 euros".

Eu não sei se a jornalista não sabe fazer 3 vezes 5, ou se estamos perante mais um dos diários casos de "arredondamentos à bruta para cima" para dar um toquezinho de sensacionalismo.

 

Nota: este é mais um caso em que o erro é insignificante, ninguém dá atenção aos 2 euros. Não estou a querer ser mesquinho, apenas questionar o que leva a jornalista a não dar o resultado certo que estava mesmo ali à mão.

publicado por Miguel Carvalho às 21:47
link | comentar | ver comentários (7) | favorito
Segunda-feira, 5 de Maio de 2008

Biliões

Quem acabou de ouvir o António Vitorino dizer nas suas Notas Soltas que ainda hoje tinha ouvido o presidente do Banco Asiático de Desenvolvimento dizer que "mais de um bilião, isto é, mil milhões, de pessoas seriam afectadas pela crise alimentar," que não deixe solta esta nota: em português, um bilião não corresponde a mil milhões, mas antes a um milhão de milhões! O nosso António lá terá ouvido o senhor dizer "one billion" e traduziu para "um bilião". Só que enquanto nos Estados Unidos "one billion" significa, de facto, "a thousand million", em Portugal (e na restante Europa) um bilião (ou bilhão) corresponde a "um milhão de milhões". Dado que não vivem um milhão de milhões de pessoas ao cima da terra, o senhor do Banco Asiático referia-se certamente a mil milhões de afectados pela crise alimentar, pelo que o António Vitorino só errou ao falar em "bilião". Mas, felizmente, a emenda saiu melhor do que o soneto, e a mensagem lá passou.
Principais Tags: ,
publicado por Pedro Bom às 21:51
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 28 de Abril de 2008

Ignorância dos Jornalistas

No 25 de Abril a Rita Marrafa de Carvalho da RTP andou de microfone em punho a entrevistar vários jovens, a propósito do estudo realizado pela UCP a pedido de Cavaco Silva sobre o desconhecimentos dos jovens no que toca à História Nacional. Perguntava então a Rita aos jovens "quem foi o primeiro Presidente da República eleito democraticamente", e ao encolher de ombros, esclarecia ela "foi Ramalho Eanes!".
Que a Rita soubesse o mínimo de História de Portugal, eu também já não contava (o Presidente bem poderia encomendar outro estudo...), agora que nem se desse ao trabalho de num minuto ler o que a Wikipedia tem a dizer sobre os Presidentes da República, é que já é falta de profissionalismo... É que se o tivesse feito ficaria a saber o que foi o 5 de Outubro, o que foi a Primeira República e que o primeiro Presidente da República eleito foi sim Manuel José de Arriaga.

Nota: O estudo continha a pergunta "qual foi o primeiro Presidente da República eleito depois do 25 de Abril?".
Principais Tags: ,
publicado por Miguel Carvalho às 10:57
link | comentar | ver comentários (6) | favorito
Domingo, 20 de Abril de 2008

Isto é que é serviço público?

A peça do Telejornal de ontem à noite onde se diz que os "portugueses estão a consumir menos" é simplesmente uma vergonha. Dizem que foi o Banco de Portugal (BP) que disse, o que é simplesmente mentira. O que o BP disse (nos Indicadores da Conjuntura publicados há dois dias) é que "o indicador coincidente para a evolução homóloga tendencial do consumo privado, calculado pelo Banco de Portugal, voltou a diminuir face ao observado no mês anterior". Para os jornalistas da RTP:

1. O Banco de Portugal não tem ainda dados para o consumo privado. Daí que constrói um indicador sintético que permita inferir (e com muitas reservas, como não se cansa de repetir) de forma "qualitativa" a evolução "tendencial" do consumo. Portanto, não vale a pena o BP andar a alertar para a cautela necessária na interpretação do indicador, os jornalistas simplesmente não querem saber. A cautela, pensarão eles, não será muita amiga de boas audiências.

2. O indicador vem na forma de taxa de variação homóloga. O que caiu foi esta taxa! E caiu para próximo do zero, mais ainda é positiva. Ou seja, se queremos dizer alguma coisa sobre consumo privado, a única coisa que podemos dizer é que subiu, embora percentualmente menos do que tinha subido anteriormente. Dizer, portanto, que "o consumo privado caiu" é uma estupidez de todo o tamanho.

Depois, não contentes com o que já estava a ser um festival de iliteracia económica, ainda tentam explicar este disparate com mais uns quantos. Dizem eles que são o desemprego e aumento do custo de vida que explicam o fenómeno. Divagam sobre o aumento dos preços, sobretudo dos bens de primeira necessidade, para concluir que os portugueses têm cada vez menos dinheiro e que, pois claro, que remédio têm eles senão consumir menos. Vão para feiras e mercados, fazem grandes planos dos preçários, perguntam aos feirantes o número de clientes que têm dito, tudo para justificar a "quebra de consumo". Uma vergonha...
Principais Tags: , ,
publicado por Pedro Bom às 11:44
link | comentar | favorito

Autores

Pesquisa no blog

 

Janeiro 2017

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts Recentes

Ena, o Governo é um mãos ...

Trabalhar cansa

A velha confusão de sempr...

O dióxido de carbono que ...

Números da greve

O que a falta de calor fa...

"Nós fizemos as contas" d...

Biliões

Ignorância dos Jornalista...

Isto é que é serviço públ...

Arquivo

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Março 2015

Fevereiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Principais Tags

correio da manhã(13)

desemprego(15)

diário digital(24)

diário económico(9)

dn(82)

economia(65)

estatísticas(22)

expresso(26)

inflação(13)

lusa(15)

matemática(12)

percentagens(26)

público(102)

publico(9)

rigor(9)

rtp(20)

rudolfo(16)

salários(10)

sensacionalismo(135)

sic(11)

todas as tags

Contacto do Blogue

apentefino@sapo.pt

Outros Blogs

subscrever feeds