O Diário Económico tem hoje uma entrevista publicada sobre o título:
"Costa só deixará de ser presidente da CML quando for nomeado primeiro-ministro".
A capa do DE até é bem mais explícita, ao resumir o tema com um "António Costa fica na Câmara até às eleições legislativas".
A Liliana Valente do Observador, ao fazer um texto sobre a mesma, achou que era muita mais giro alterar uma conjunção, e optou por:
Costa só deixa de ser presidente se ganhar eleições
Depois de ter sonhado há umas semanas que o BCE ia dar dinheiro de borla a toda a gente, o jornalista do Dinheiro Vivo/DN diz agora que o BCE acha que Trabalhadores têm poder a mais e prejudicam empresas. Felizmente já alguém se deu ao trabalho de dar uma olhada no estudo em causa, e de desmontar a... "notícia". Foi o Luís Aguiar-Conraria em Títulos Porreiros.
Salários com menor subida em 5 anos diz a Catarina Almeida Pereira ndo DN. Quando se abre a suposta fonte da notícia, um relatório governamental, vê-se que os últimos dados representam a maior subida em 3 anos (dados semestrais)!
O que fez a Catarina então? Olhou para as subidas nominais, ou seja sem contar com a variação de preços! Pessoalmente eu não como notas de euros, como comida (devo ser só eu), logo estou interessado em saber se posso comprar mais ou menos, não se tenho mais ou menos notas no bolso. E aqui houve o maior aumento dos últimos 3 anos.
Sobre o número de desempregados sem direito a subsídio de desemprego (por terem um curto período de descontos) o Público tem esta brilhante análise de João Ramos de Almeida:
Esta realidade dá, por outro lado, indícios da estrutura do mercado de trabalho. Tem direito a subsídio de desemprego quem tenha feito 450 dias de descontos nos últimos dois anos anteriores ao desemprego. Já para receber o subsídio social de desemprego é obrigatório ter feito mais de 180 dias de descontos.
Se o desemprego começou a afectar cada vez mais trabalhadores sem direito a subsídio de desemprego ou mesmo a subsídio social é porque parte considerável do mercado de trabalho não possui esses períodos de descontos. Seja porque se torna cada vez mais difícil encontrar empregos com prazos prolongados de desconto e os contratos a prazo não permitem aceder ao subsídio; ou porque formalmente não têm qualquer tipo de contrato, como é o caso dos "falsos recibos verdes".
Ponham-se na cabeça de um patrão que tem que despedir gente durante um mau período. Despedem quem tem contrato sem termo ou quem tem contrato a prazo/recibos verdes? Obviamente a segunda categoria, porque é mais fácil despedir. Logo num momento de crise é de esperar que este tipo de trabalhadores (os que depois podem não receber subsídio) sejam mais despedidos que os outros. Logo haverá mais deles à procura de desemprego.
Por isso, para ter este resultado não é minimamente necessário haver muita gente com ligações precárias ao contrário do que o jornalista nos quer fazer crer. Em vez de verificar os dados o João Ramos de Almeida tira umas conclusões ao estilo conversa de café.
E agora toca de mandar umas postas de pescada sobre a conclusão infundada. Se há muita gente com contratos precários, é porque é difícil encontrar dos outros. Conclusão paralela, mas igualmente errada pelas mesmas razões de cima.
E mais outra! Outra hipótese de haver gente sem subsídio é devido aos falsos recibos verdes. E os verdadeiros recibos verdes? Como é que o João Ramos de Almeida sabe se os que procuram emprego vêm de uns ou de outros?
Como sempre eu também não verifiquei os dados, é até possível que as três afirmações (sem encadeamento lógico) estão correctas. Mas não há ali nada que as legitime.
Sabe o que significa Número de desempregados cresceu 28 por cento em Junho lá para os lados do Público? Pensava eu que "em Julho" quereria dizer "no mês de Julho", "ao longo de Julho", "durante Julho", que ingenuidade.
É que segundo os dados do IEFP (a suposta fonte da notícia) o aumento ao do número de desempregados ao longo de Julho foi de 0,1%. Mas de 0,1% para 28% ainda vai uma grande diferença... acho eu.
A Renascença diz que Portugal é dos que paga mais pela electricidade...
Na suposta fonte da notícia vemos que o preço médio da Electricidade doméstica é 17,73€ na UE27, 17,26€ na Zona Euro e somente 15,25€ em Portugal. O facto de estarmos na metade de baixo da tabela (16 países com preços mais caros) não parece sensibilizar a RR.
E já nem falo da electricidade industrial, onde o disparate seria ainda maior.
Portugal tem a sexta taxa de desemprego mais elevada da OCDE diz o Público. O facto de faltarem estatísticas de 8 países, e de a França ter o mesmo valor que Portugal, não parece sensibilizar o Público.
Por outro palavras este título está tão perto da realidade como estaria o seguinte "Portugal tem a 15ª taxa de desemprego mais elevada da OCDE".
Comprei finalmente o i, ainda pouco li mas já apanhei dois disparates.
1. Enrique Pinto-Coelho e Filipe Morais referem-se ao Terreiro do Paço como "a maior praça da Europa". Não é preciso ir até à Rússia, na Itália existe uma praça que é mais do dobro. É totalmente irrelevante para a notícia em causa, só não percebo porque é que há jornalistas que adoram apimentar as notícias com informações totalmente laterais que ouviram numa conversa de café.
2. Na secção Dinheiro fazem-nos crer que "desde 1995 que os consumidores europeus não gastavam tão pouco num trimestre". Mais à frente dizem-nos que as exportações e as importações "estão no valor mais baixo em 14 anos". As afirmações são tão ridículas que nem me dou ao trabalho de ir buscar números. Provavelmente referem-se à maior queda desde 1995, o que faz com que o i entre no clube dos jornais onde há jornalistas económicos que não percebem que a maior queda de sempre nada tem a ver com o nível mais baixo de sempre... ou seja aos outros todos.
Lucro do BCP sobe 625% no primeiro trimestre repetia a TSF hoje à tarde. Acrescentado "e isto apesar da crise". A mensagem sensacionalista que queria passar é óbvia, agora se é verdadeira é que eu não faço a mínima ideia nem a TSF me ajuda a perceber.
1. O café do Zé passou de 100€ de lucros para 1000€. O banco XPTO aumenta de 10 milhões para 15 milhões. O Zé teve um aumento de 900%, e o banco apenas apenas de 50%. A percentagem pouco indica
2. O café do Zé ontem esteve vazio, receitas menos despesas nem passou dos 10€. Hoje já estava composto e deu 100€. Um aumento de 900%!! Mas o Zé não tem razões para estar contente.. Ontem foi mau e hoje foi bom, mas o que interessa é ao fim do mês. Comparar 3 meses do ano passado com 3 meses deste, pouco indica por ser ambos serem um período curto (um pequeno azar num e uma pequena sorte noutro, fazem explodir a percentagem).
Capa do DN de hoje: Reformados do Estado vão ter pensões 8% mais baixas
Lá dentro fica-se a saber:
1. Não se trata de todos os reformados, mas de um pequeníssimo grupo: os que se reformaram no início deste ano.
2. Os 8% não provêm de alguma análise da legislação. São comparadas duas amostras de 2008 e 2009, não havendo qualquer garantia que as amostras têm populações semelhantes.
3. Para este ano foi possível pedir reforma com uma carreira contributiva menor, logo menor reforma. É um absurdo portanto comparar a reforma de um ano com o outro. É como afirmar que as pessoas com olhos castanhos ganham mais do que aquelas com olhos azuis, "omitindo" que fui apanhar os primeiros à porta de um banco, e os segundos na construção civil.
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